Lembro do entardecer em que sentei ao lado do velho carvalho —
meu avô com mãos de terra e olhos de tempestade.
Ele me ofereceu um livro,
mas antes pediu que eu ouvisse
o vento entre as folhas,
o sussurro das páginas ainda fechadas.
Aprendi com seus silêncios,
com a paciência de suas perguntas,
e com o jeito que ele se curvava ao saber dos outros,
como quem acolhe chuva em conchas abertas.
Anos depois, sentado diante de jovens atentos,
percebi em mim o eco daquele gesto:
cada palavra que semeio agora
carrega a humildade de quem um dia
soube escutar o mundo
antes de ensinar qualquer coisa sobre ele.