O som de nossos vários passos no muro
se encrostam nas paredes e correm
pelos andares como sussurros
monstros entre os tijolos e andaimes sobem
uma geometria de azulejos e escuridão
atravessamos as barreiras do silêncio
com nossas vozes abertas (semáforos
luzes rápidas baratas palavras e pneus)
há várias horas não temos música
mas continuamos dançando assim
como a planta das casas vive nas casas
a planta da música se enraíza nos nervos
temos uma necessidade insana de vai-e-vem
o tom dos carros e o som dos passos
o grito dos pássaros alucinados pelas luzes
da cidade à noite fugimos de nós mesmos
essas criaturas que nos perseguem
por dentro de paredes que nos cercam
ali no chão, somos o labirinto
somos o monstro.
- Autor: Vancourt (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 27 de agosto de 2020 19:47
- Comentário do autor sobre o poema: da seção "Lugares Entre Nós"
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 20
Comentários3
Vancourt, no seu texto correto, bem elaborado, encantaram-me imagens muito originais, inquietantes. Difícil me imaginar Minotauro... Abraço.
que lindo!
muito bom, adorei, é como se diz a gente inventa de morar até na lua, rimos a toa pra não chorar, a gente por vezes não quer encarar o bicho que tá roendo dentro de nós. abraços.
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