Vancourt

GRÉCIA

O som de nossos vários passos no muro

se encrostam nas paredes e correm

pelos andares como sussurros

monstros entre os tijolos e andaimes sobem

uma geometria de azulejos e escuridão

atravessamos as barreiras do silêncio

com nossas vozes abertas (semáforos

luzes rápidas baratas palavras e pneus)

há várias horas não temos música

mas continuamos dançando assim

como a planta das casas vive nas casas

a planta da música se enraíza nos nervos

temos uma necessidade insana de vai-e-vem

o tom dos carros e o som dos passos

o grito dos pássaros alucinados pelas luzes

da cidade à noite fugimos de nós mesmos

essas criaturas que nos perseguem

por dentro de paredes que nos cercam

ali no chão, somos o labirinto

 

somos o monstro.