O som de nossos vários passos no muro
se encrostam nas paredes e correm
pelos andares como sussurros
monstros entre os tijolos e andaimes sobem
uma geometria de azulejos e escuridão
atravessamos as barreiras do silêncio
com nossas vozes abertas (semáforos
luzes rápidas baratas palavras e pneus)
há várias horas não temos música
mas continuamos dançando assim
como a planta das casas vive nas casas
a planta da música se enraíza nos nervos
temos uma necessidade insana de vai-e-vem
o tom dos carros e o som dos passos
o grito dos pássaros alucinados pelas luzes
da cidade à noite fugimos de nós mesmos
essas criaturas que nos perseguem
por dentro de paredes que nos cercam
ali no chão, somos o labirinto
somos o monstro.