POEMA OUTONAL

joaquim cesario de mello

 

As árvores

fatigadas de luz

despem-se em silêncio

no tombar das folhas

envelhecidas de dias

enquanto o vento passa

recolhendo confissões

dos pecados cometidos no último verão

 

No ciclo findável das coisas transitórias

as noites são mais alongadas

o mar antes revolto se assossega

a nostalgia sorrateira se instala

e o céu áspero e ressecado de sol

prenuncia o caducar inevitável do tempo

 

Não temeis

caro senhor e cara senhora

o posterior do outono de agora

pois é no inverno que Deus descansa

no aguardar prometido de novas primaveras

 



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