As árvores
fatigadas de luz
despem-se em silêncio
no tombar das folhas
envelhecidas de dias
enquanto o vento passa
recolhendo confissões
dos pecados cometidos no último verão
No ciclo findável das coisas transitórias
as noites são mais alongadas
o mar antes revolto se assossega
a nostalgia sorrateira se instala
e o céu áspero e ressecado de sol
prenuncia o caducar inevitável do tempo
Não temeis
caro senhor e cara senhora
o posterior do outono de agora
pois é no inverno que Deus descansa
no aguardar prometido de novas primaveras