R. Barbosa Gameiro

O Mendigo das Falas Soltas

O que importa aquilo que eu digo
Se eu não passo de um mendigo
Que vive às portas da razão
Pedindo esmolas de atenção?
 
As palavras de improviso
Podem ter um mau juízo
E gerar consequências:
Incorreções ou violências.
 
Falar à toa, sem saber 
O que se está mesmo a dizer,
É uma falta de decência.
 
Já só falarei apenas
Com as faculdades plenas
E com a voz da experiência.
 
Para expor algum assunto
Convém ter um bom conjunto
De ensaios ou de provas
Que suportem falas novas.
 
Não vá eu cair na falha
De cometer alguma gralha
Que ponha a verdade em perigo
E me cause algum castigo.
 
Como tal, eu cessarei
De falar do que não sei,
Evitando confusões.
 
Mas, só por si, "saber fazer”,
Não chega p’ra estabelecer
Indiscutíveis conclusões.
 
Falta, então, consolidar
Ideias soltas pelo ar
E escrevê-las no papel
Ou desenhá-las num painel.

Chego assim a um bom preceito
Para um mundo mais perfeito,
Que é escrever o que fazemos
E só falar do que escrevemos.
 
No final, há solução
Para viver em evolução,
Sem ilusões nem enganos:
 
É conhecer o que se diz,
Já que a verdade é a matriz
Do progresso dos humanos.
  • Autor: R. Barbosa Gameiro (Offline Offline)
  • Publicado: 22 de Agosto de 2020 17:36
  • Comentário do autor sobre o poema: Tantas vezes falamos do que não sabemos só para fazer conversa ou para recebermos atenção... Por vezes, até pensando que dizemos a verdade, estamos a cometer erros causados pela nossa falta de conhecimento num determinado assunto. O grave é que quem nos ouve pode tomar as nossas palavras por verdadeiras e basear-se em falsas premissas por nós ditas que o levarão a incorretos raciocínios e adulteradas conclusões. É importante entendermos a importância do que dizemos a quem nos ouve e fazer todo o cuidado para só falarmos do que realmente sabemos que é verdadeiro. Assim se evolui.
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 26

Comentários3

  • Hébron

    Poema muito bem feito, que deveria estar estampado em um mural, pela qualidade poética e também pela necessidade de conscientizar muitas pessoas sobre a responsabilidade e consequências do que escrevemos, falamos e publicamos.
    O compromisso com a verdade é uma obrigação de todos.
    Grande abraço, amigo poeta

    • R. Barbosa Gameiro

      Olá, Hébron. Obrigado!
      É isso mesmo. Já imaginou como a vida seria melhor se todas as pessoas, nomeadamente políticos, místicos e jornalistas só dissessem verdades bem fundamentadas e bem contextualizadas? Talvez fosse um dos maiores passos que a humanidade poderia dar.

    • Cecilia

      R, gostei muito de suas idéias, e da facilidade que você tem em expo-las. Pelo ritmo fácil da escrita vê-se também que encontra rimas apropriadas sem esforço. Boa poesiia

      • R. Barbosa Gameiro

        Obrigado, Cecilia!
        Às vezes as rimas não vêm logo, mas com um bocadinho de paciência elas acabam por aparecer.
        Beijinhos

      • Carlos Hades

        verdades tragáveis

        • R. Barbosa Gameiro

          Olá, Carlos. Obrigado pelo comentário!
          Um abraço



        Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.