O PESO DA AUSÊNCIA

Sezar Kosta

não sei quando

a dor aprendeu a andar comigo —

sem fazer barulho

sem pedir desculpas.

 

a saudade,

essa pedra que respira sob a pele,

me olha pelos cantos

e não se vai.

 

quis te esculpir com o tempo,

mas o tempo tem mãos frias.

então, risco tua ausência

na superfície do ar

como quem escreve com fumaça.

 

teus passos?

ruídos que se repetem no escuro

de uma rua que só existe em mim.

sou errância pura,

sombra de algo que não volta,

mas insiste.

 

te percebo —

não em constelações nem milagres,

mas no buraco que tua presença deixou

onde o tempo dobra,

e o amor se recusa a apagar.

 

não há fim.

há um poema que insiste,

palavra por palavra,

em te lembrar

até que tudo se cale —

menos eu.

  • Autor: Sezar Kosta (Offline Offline)
  • Publicado: 25 de julho de 2025 11:39
  • Comentário do autor sobre o poema: A ausência de quem amamos não silencia — ela ecoa. Carregamos lembranças como sombras que se recusam a partir, preenchendo cada instante com uma falta que fala. Mesmo quando o tempo tenta seguir, há espaços que só a saudade sabe ocupar. E é nesse intervalo entre memória e silêncio que seguimos vivos, mesmo que um pouco menos inteiros.
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 44
  • Usuários favoritos deste poema: Sezar Kosta, Luana Santahelena, Spell mesclados, Poeta por acaso, Elfrans Silva
Comentários +

Comentários2

  • Maria dorta

    Parabéns l
    Poeta sofrendo faz_nos presente de um poema molhado de sofrimento, vivendo o tormento que o amor apresenta. Espero que se recupere e deixe_ se sempre guiar pelo teu talento!

  • Luana Santahelena

    Sezar, este poema é como um eco quieto que atravessa um vale vazio — a ausência aqui tem corpo, tem respiração, tem até ruído próprio. É uma obra de delicadeza grave, como quem esculpe silêncio com palavras. Os versos são de uma beleza triste, sincera, como aquelas cartas que nunca foram enviadas mas que a alma escreveu de cor. Continue escrevendo assim, meu amigo — porque lembrar também é uma forma de amor que se recusa a morrer.



Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.