Não se avexe não, que o vento sabe
o rumo certo de empurrar as nuvens,
e a flor mais bela do mandacaru
nasce onde o mundo diz que não nasce nada.
Não se avexe não, que a dor é poeira,
e o tempo — ah, o tempo é rede que embala.
Mesmo o chão rachado guarda segredo
de fonte mansa por debaixo da fala.
Toda espera tem jeito de seca,
mas a alma… a alma é cacimba escondida.
Basta ter fé no passo da andorinha
e paciência no compasso da vida.
Não se avexe, não.
O céu de barro também tem estrela,
e a mão calejada que planta esperança
colhe silêncio em forma de canção.
Se o dia for duro, não tema:
até o juazeiro sonha sombra em agonia.
Há beleza na teimosia da semente
e milagres bordados na luz do meio-dia.
Então, não se avexe.
Deixe o coração descansar no colo do vento.
O sertão — que parece ausente —
é só Deus em seu mais longo pensamento.
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Autor:
Esterlar (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 16 de junho de 2025 03:39
- Categoria: Reflexão
- Visualizações: 4
Comentários1
Lindo poema! Pode ser musicado, poetisa.
Parabéns.
Abraço.
E eu aqui achando que só dava pra ler... agora vem você me dizendo que dá pra cantar também? Haha
Amei!
Brincadeiras à parte, muito obrigada pelo carinho!
Saber que o poema tem alma de música é um elogio daqueles que a gente guarda com gosto.
Abraço afinado e cheio de gratidão!
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