Em cima do telhado eu subo ¹para ver, não as estrelas mais perto
ou quem sabe com claridade, como faria no passado, mas sim
amplamente os pastos antes do mar. E tudo é profundo e suave.
Redireciono o meu foco, deixo de focar no que está tão alto
para pegar com as mãos pequenas e sujas de sangue mais
sangue – o meu próprio sangue. Formado pelo que
precede a hora azul e procede do sol poente. Se alimenta
dessa necessidade intransigente. O telhado me espelha.
Tudo isso para aproximar os ouvidos dos sussurros que estão
perto, mas que o coração perde. No fundo, não hesitar no mar
e deitar e rolar nos pastos; ser o cabelo no vento; o azul, o
verde e todos os seus subtons... E eu bem sei que assim é
a vida – se eu escolher viver. Todas as suas gavetas têm a
sua ordem; e eu apenas quero não estar muito perto da beira.
Ou mergulho ou descanso, mesmo em paralelo. Esse é o elo.
Sinto a hora de partir. A hora da estrela já foi. A terra muda
e ainda sim é a mesma. Eu estou me tornando mais suave por
dentro e a semente tem ficado mais enraizada. E você já não
sabe que o Universo é largo o suficiente? Então eu me torno mais
suficientemente pequena. Eu devo salvar aquilo que é puro,
aquilo que é verdadeiramente meu, antes do meu coração e
o seu colidirem. Criar meu próprio universo ameno e suave,
aqui na Terra. É um sonho florescendo em direção ao azul.
¹Nesse simples primeiro verso tem toda a filosofia de vida que tenho aprendido a cada dia e durará para a minha vida inteira. Não vejo mais vantagem, em algumas situações, em subir tão alto, com tanto sofrimento, percorrer o caminho mais extremo e que me deixa com complicações posteriores, apenas para descobrir a verdade por trás de algo ou o mero brilho de algo que é bonito, mas que está morrendo ao mesmo tempo, assim como as estrelas estão brilhando e morrendo todos os dias. Compreendo melhor que não procurar algo tão fora de mim, tão longe da minha realidade ou até mesmo algo que está ainda no futuro, me permite viver mais livremente e com um elo precioso no presente que me é dado. Tenho escolhido me contentar com o que está na Terra, nos pastos, o céu pode esperar e, de qualquer forma, nunca foi meu e nem será. Meus sonhos são maiores que eu, mas eu não sou só meus sonhos. Eu vivo aqui e tudo que é suave lá dentro (de mim) merece conhecer também a Terra. "You're half the world away / I've been lost, I've been found / But I don't feel down / I don't feel down" [Você está à meia distância do mundo, eu estive perdida, fui encontrada, mas eu não me sinto para baixo, eu não se sinto triste]" – Half the World Away, Oasis.
-
Autor:
Hyun (em coreano significa: iluminado) (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 9 de junho de 2025 09:07
- Comentário do autor sobre o poema: — Ouvindo Half the World away na finalização do poema, às 20:39 do dia 11 de fevereiro de 2025. Início do poema: dia 10 de fevereiro às 00:30.
- Categoria: Reflexão
- Visualizações: 4
Comentários1
Querida Letícia, na sua poesia, além da beleza e atuação caleidoscópica, você transborda em uma humildade fascinante!
Parabéns, beijo no seu coração.
Muito obrigada!! Aliás, eu estou escrevendo um livro de prosa poética. Gostaria de ler alguns dos capítulos? Gostaria do feedback de uma visão como a sua.
Abraços iluminados!
Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.