Morrer como indigente — dizem com terror,
como se a solidão fosse sentença de dor.
Mas e se a paz vier sem pompa ou flor,
num canto quieto, longe do clamor?
Não temo a ausência de nome em papel,
nem jazigo frio sem mármore ou anel.
O fim não se veste de ouro ou de véu,
ele é igual para o servo e para o coronel.
O medo? Não é meu.
Não me assusta a rua, o chão, o breu.
Mais vale a alma limpa do que um caixão cheio,
de lantejoulas vãs, de luxo alheio.
Viver com verdade — eis o meu intento,
se o mundo me esquecer, será esquecimento.
Mas não sou menos por partir ao relento,
sou vento também, sou só movimento.
Que importa a morte, se a vida foi semente?
Que importa o corpo, se a alma segue em frente?
Não temo morrer como indigente,
temo viver como ausente.
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Autor:
Tainá Lopes (
Offline)
- Publicado: 1 de junho de 2025 13:54
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 7
- Usuários favoritos deste poema: CORASSIS
Comentários1
Profundo, brilhante !
com um arremate final perfeito.
Parabéns, minha querida poetisa .
Agradeço, querido!
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