O abismo

Paulo de Tarshish



Eram três da manhã,
Quando me ergui entre a escuridão.
Pavor corria o meu corpo
Quando o vi oferecer-me a mão.

Ser adelgaçado,
Cuja cara a escuridão cobria;
Parecia conhecer-me o âmago,
Mas eu dele nada sabia.

Ser aberrante,
Que com prazer ria e ecoava,
Naquela noite sombria
Em que meu coração pasmava.

A besta minha mão tomou!
"Olha para mim! Sabes quem sou e quem serei!"
Gritava o ser para mim,
Mas eu não conhecia ninguém.

Gritei, tentando espantar o monstrengo:
"Desaparece! A ti não temo nem temerei!"
Palavras fúteis, sabia eu,
Pois naquele momento coragem não tive nem terei.

O ser me abraçou bruscamente;
Como era frio aquele corpo engilhado.
Finalmente sua cara consegui ver,
E era o meu semblante que no seu rosto estava estampado.

  • Autor: Paulo de Tarshish (Offline Offline)
  • Publicado: 14 de maio de 2025 11:29
  • Categoria: Espiritual
  • Visualizações: 4


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