Escravi, dão

Tainá Lopes

Chego novo, farda justa,

olho atento, mente assusta.

Piso leve, quase mudo,

mas aqui ninguém escuta tudo.

 

Dão tarefa, dão missão,

mas não dão mão.

Só cobram, só espreitam,

e se eu cair... eles aproveitam.

 

Alguns antigos — olho frio —

não ensinam, não estendem fio.

Vivem pra manter o lugar,

puxam tapete pra não precisar lutar.

 

Se escondem atrás da experiência,

mas praticam a concorrência.

Fingem ajudar, depois desviam,

esperam a falha e se saciam.

 

“Quer subir? Se vire só.”

Enquanto sorriem com desdém maior.

Aprendi rápido: não é só o patrão,

que aperta o nó na minha mão.

 

Têm os que já desistiram,

e os que, piores, se investiram

no papel de novo opressor,

esquecendo a própria dor.

 

E eu penso, nessa ilusão:

escravi, dão.

Com vírgula pra enganar,

como se ainda fosse pra sonhar.

 

Dão trampo, dão pressão,

dão mentira e punição.

Mas no fundo, só tiram:

tempo, alma e direção.

 

E os vilões? Alguns têm crachá antigo,

e orgulho de ver o perigo.

“Se eu sofri, você vai também.”

Essa é a lógica de quem já foi refém.

  • Autor: Tainá Lopes (Offline Offline)
  • Publicado: 24 de abril de 2025 20:57
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 7
Comentários +

Comentários2

  • Ivam Melo

    Boa noite, relações pessoais no trabalho? Disputas? Falta de cooperação?

    • Tainá Lopes

      Todos nós temos isso, querido amigo.

    • CORASSIS

      Parece que você escreveu minha vida no trabalho rsrs.
      E as algemas pesam demais !!!
      Parabéns minha poetisa , bom te ler !
      Abraço e beijo no seu coração.

      • Tainá Lopes

        Fico feliz que tenha gostado querido. Beijos da sua poetisa. ?



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