Enquanto a água toca a pele,
num fio quente e devagar,
teu nome em mim ainda expele
o gosto doce de lembrar.
O vapor sobe, leve e manso,
a espuma dança em espiral,
te vejo ali, num breve alcance,
feito memória sem final.
Lavo os ombros — vem teu gesto,
passa invisível, tão sutil.
No rosto, o toque manifesto
de um riso teu, calmo e febril.
O sabonete escorre lento,
com tuas frases a me cobrir.
Cada gota é um pensamento
que insiste em não fugir.
Não é saudade em dor tamanha,
mas algo terno, que não se vai.
Como o calor que a água banha
e fica na pele depois que cai.
E quando o banho, enfim, se finda,
não sou mais o que era antes.
Sou tua — e isso ainda brilha,
sou tua nos últimos instantes.
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Autor:
Tainá Lopes (
Offline)
- Publicado: 21 de abril de 2025 19:13
- Comentário do autor sobre o poema: Querido, Este poema nasceu enquanto eu estava no banho, em um momento simples, mas inesperado. A água me envolvia e, sem querer, pensei em você. Foi como se, naquele instante, suas presenças e suas palavras estivessem lá, me acompanhando. A água, que caía calmamente, me fez perceber como algumas conexões, mesmo silenciosas, podem ser tão fortes. Quando escrevi "sou tua", não era apenas uma entrega, mas um reconhecimento da marca que você deixou em mim, de forma sutil, mas presente. Espero que, ao ler, você sinta algo parecido com o que senti — essa leveza, essa conexão recente, que ficou em mim. Com carinho, Amélia, para Pão de queijo.
- Categoria: Carta
- Visualizações: 12
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Comentários1
Muito bela esta dedicatória para alguém muito especial.
Gostei bastante.
Abraço
Abraços, leitor.
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