Ele é cocaína. (Versão dela).

Tainá Lopes

Ele chegou sem aviso, sem pressa,

e eu, tola, abri a porta com promessa.

Meu corpo sabia antes da mente,

mas fui mesmo assim… inconsequente.

 

Ele é frio, eu sabia.

Mas tinha algo na dor que me prendia.

O beijo queimava, o toque feria,

mas era ali que eu sentia… que eu vivia.

 

Não me deu amor, nem mentiu.

Só ficou… até que tudo ruiu.

Me deixou no chão, despida e partida,

e ainda assim, eu chamava de vida.

 

Eu quis correr, mas ele é prisão,

grita no meu sangue, arranha meu pulmão.

É abismo com gosto de festa,

é morte… que se manifesta.

 

Ele é o caos que veste pele fina,

me olha rindo enquanto me contamina.

Eu me odeio por ainda querer,

mas ele é cocaína — e eu só sei ceder.

 

Comentários +

Comentários2

  • CORASSIS

    Teu poema tem uma pitada de" Há Tempos" da Legião, teu poema tem uma magnitude singular e beleza.
    Beijo no seu coração , minha querida poetisa .

    • Tainá Lopes

      Agradeço seu comentário, meu docinho de rima. Eu também gosto de rock. Será um prazer poder escutar essa banda maravilhosa! Beijos e abraços da sua poetisa!

    • MAYK52

      Assim é. Quando nos deixamos iludir pela cocaína, mesmo que chegue com voz doce e promessas ilusórias, caímos no chão, sem hipóteses de nos levantarmos de novo.
      Gostei de ler esta outra versão. Agora dela.

      Gostei da mensagem implícita, amiga Tainá.

      Beijinho

      • Tainá Lopes

        Esse poema reflete principalmente as relações vazias de hoje. Me inspirei em Zygmunt Bauman para fazê-lo. O próximo será algo mais pessoal. Aguarde o próximo com carinho. Beijos e abraços.



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