Ele chegou sem aviso, sem pressa,
e eu, tola, abri a porta com promessa.
Meu corpo sabia antes da mente,
mas fui mesmo assim… inconsequente.
Ele é frio, eu sabia.
Mas tinha algo na dor que me prendia.
O beijo queimava, o toque feria,
mas era ali que eu sentia… que eu vivia.
Não me deu amor, nem mentiu.
Só ficou… até que tudo ruiu.
Me deixou no chão, despida e partida,
e ainda assim, eu chamava de vida.
Eu quis correr, mas ele é prisão,
grita no meu sangue, arranha meu pulmão.
É abismo com gosto de festa,
é morte… que se manifesta.
Ele é o caos que veste pele fina,
me olha rindo enquanto me contamina.
Eu me odeio por ainda querer,
mas ele é cocaína — e eu só sei ceder.