Tainá Lopes

Ele é cocaína. (Versão dela).

Ele chegou sem aviso, sem pressa,

e eu, tola, abri a porta com promessa.

Meu corpo sabia antes da mente,

mas fui mesmo assim… inconsequente.

 

Ele é frio, eu sabia.

Mas tinha algo na dor que me prendia.

O beijo queimava, o toque feria,

mas era ali que eu sentia… que eu vivia.

 

Não me deu amor, nem mentiu.

Só ficou… até que tudo ruiu.

Me deixou no chão, despida e partida,

e ainda assim, eu chamava de vida.

 

Eu quis correr, mas ele é prisão,

grita no meu sangue, arranha meu pulmão.

É abismo com gosto de festa,

é morte… que se manifesta.

 

Ele é o caos que veste pele fina,

me olha rindo enquanto me contamina.

Eu me odeio por ainda querer,

mas ele é cocaína — e eu só sei ceder.