Era dia de feira e chão batido,
de riso largo, panela no fogo,
e o tempo correndo devagar,
feito criança brincando na poeira.
Você chegou como quem retorna
de um lugar onde a alma se despede —
com olhos cheios de ontem
e um silêncio que sabia meu nome.
Senti, como se sente o cheiro da chuva
antes do primeiro trovão,
que algo nascia ali,
sem promessa, sem barulho.
Não foi milagre, nem reza de esquina,
mas coisa miúda,
dessas que Deus esconde nas beiradas do dia
e só revela quando a gente para de procurar o que brilha.
Desde então, meu amor é pão
saindo do forno:
quente,
simples,
imprescindível.
Você é meu destino,
mas chegou com as mãos vazias,
pedindo açúcar
e deixando tudo mais doce.
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Autor:
Sezar Kosta (
Offline)
- Publicado: 13 de abril de 2025 13:48
- Comentário do autor sobre o poema: Sabe aquele tipo de história que não se escreve — ela cochicha no ouvido da gente, como quem pede segredo? Pois foi assim que nasceu esse poema. Numa manhã de feira, com cheiro de café e vento com gosto de lembrança, me veio essa imagem: o amor chegando com as mãos vazias... e, mesmo assim, cheio de tudo. Entre uma memória e outra, escrevi como quem tenta segurar água nas mãos — só pra dividir com você o que escorreu bonito. Leia com o coração aberto e, se algo tocar aí dentro, me conta nos comentários: quero saber o que ficou em você depois da última linha.
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 13
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Comentários1
Parabéns pelo inspirado poema. Li para minha esposa e uma lágrima rompeu em seu rosto.
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