Epifania Carnal

Jeane Miranda

Nesse momento,

sente o arrepio do verbo nas veias,

como se o ar cochichasse desejos em suas penas —

plumas que não se contentam em pousar,

querem voar,

dançar entre sílabas e segredos,

com a leveza de quem já sabe pra onde vai...

ou com quem quer chegar.

A aspiração?

Voar.

Mas não pra longe,

pra dentro.

Rumo à canção que o seu nome sussurra,

ao mar que me aguarda salgado e faminto,

com ondas que lambem histórias e coxas,

numa epopéia mais quente que as Illíadas,

mais molhada que um soneto naufragado em lençóis.

Me leias nas entrelinhas,

onde os trocadilhos se despem primeiro,

onde o "quero" vira "vem",

e o "talvez" escorrega num "sim" indecente.

Sou a metáfora que se insinua no seu ponto e vírgula,

pronta pra virar ponto G.

Comentários +

Comentários2

  • Lucas Guerreiro

    Uau. Adorei a personificação dos elementos de escrita, gramática e estilística que permeiam seu poema do início ao fim. Parece ser um ótimo texto para se iniciar um livro pelo seu caráter convidativo e sedutor.
    Parabéns, poeta, e seja bem vinda à comunidade MLP.

    • Jeane Miranda

      Me sinto muito honrada com o seu comentário, agradeço o elogio e a inspiração. S2

    • CORASSIS

      Concordo com o Lucas , apenas mais uma observação: tens o dom da escrita e a arte de poetizar .
      Parabéns , pela postagem .
      Abraço.

      • Jeane Miranda

        Ahh, que carinho bom de ler! Muito obrigada pelas palavras tão gentis — saber que o que escrevo toca assim já faz tudo valer a pena. Fico de coração quentinho com esse reconhecimento!

        Um abraço cheio de gratidão e poesia pra ti também!



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