Jeane Miranda

Epifania Carnal

Nesse momento,

sente o arrepio do verbo nas veias,

como se o ar cochichasse desejos em suas penas —

plumas que não se contentam em pousar,

querem voar,

dançar entre sílabas e segredos,

com a leveza de quem já sabe pra onde vai...

ou com quem quer chegar.

A aspiração?

Voar.

Mas não pra longe,

pra dentro.

Rumo à canção que o seu nome sussurra,

ao mar que me aguarda salgado e faminto,

com ondas que lambem histórias e coxas,

numa epopéia mais quente que as Illíadas,

mais molhada que um soneto naufragado em lençóis.

Me leias nas entrelinhas,

onde os trocadilhos se despem primeiro,

onde o \"quero\" vira \"vem\",

e o \"talvez\" escorrega num \"sim\" indecente.

Sou a metáfora que se insinua no seu ponto e vírgula,

pronta pra virar ponto G.