Nesse momento,
sente o arrepio do verbo nas veias,
como se o ar cochichasse desejos em suas penas —
plumas que não se contentam em pousar,
querem voar,
dançar entre sílabas e segredos,
com a leveza de quem já sabe pra onde vai...
ou com quem quer chegar.
A aspiração?
Voar.
Mas não pra longe,
pra dentro.
Rumo à canção que o seu nome sussurra,
ao mar que me aguarda salgado e faminto,
com ondas que lambem histórias e coxas,
numa epopéia mais quente que as Illíadas,
mais molhada que um soneto naufragado em lençóis.
Me leias nas entrelinhas,
onde os trocadilhos se despem primeiro,
onde o \"quero\" vira \"vem\",
e o \"talvez\" escorrega num \"sim\" indecente.
Sou a metáfora que se insinua no seu ponto e vírgula,
pronta pra virar ponto G.