Meus pingos de gente

Antonio Luiz

recordo com ternura daqueles tempos

em que todo amor nascia duma barriga

sagrada, para além das três cicatrizes

 

e assinalados por pinguinhos de gente

perpetuamente angelicais, na memória

cada um i da irisinha dos olhos da vida

 

antes, eu, palanques a mercê das ondas

e depois arranjado na forma dum porto

seguro, e imune a qualquer tempestade

 

dali eu herdei poderoso assopro mágico

que invocava, dos meus belíssimos anéis

de tamanho ajustável, e cinco dedinhos

 

eu via nas espumas do mar seus destinos

entre jangadas à deriva meus pequeninos

imaginava velas, e não deixava de soprar

 

-- esse poema foi publicado em meu blog pessoal (https://antoniobocadelama.blogspot.com/) em 26/02/25 --

  • Autor: Antonio Luiz (Offline Offline)
  • Publicado: 26 de fevereiro de 2025 13:13
  • Categoria: Família
  • Visualizações: 3
  • Usuários favoritos deste poema: Melancolia...
Comentários +

Comentários2

  • Antonio Luiz

    Esse é um daqueles textos em que o eu lírico se aproxima muito da gente, acaba se confundindo com o poeta, e aí se vão as manias de abstrações e outros aspectos que são mais comuns nos escritos, e, por fim, são as lágrimas boas da saudade que acabam tomando seu lugar.

  • Melancolia...

    Belo e sensível...
    Amei...

    • Antonio Luiz

      Grato pela gentileza da interação, caro poeta!

      Um abraço.



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