recordo com ternura daqueles tempos
em que todo amor nascia duma barriga
sagrada, para além das três cicatrizes
e assinalados por pinguinhos de gente
perpetuamente angelicais, na memória
cada um i da irisinha dos olhos da vida
antes, eu, palanques a mercê das ondas
e depois arranjado na forma dum porto
seguro, e imune a qualquer tempestade
dali eu herdei poderoso assopro mágico
que invocava, dos meus belíssimos anéis
de tamanho ajustável, e cinco dedinhos
eu via nas espumas do mar seus destinos
entre jangadas à deriva meus pequeninos
imaginava velas, e não deixava de soprar
-- esse poema foi publicado em meu blog pessoal (https://antoniobocadelama.blogspot.com/) em 26/02/25 --