Por Nada

Metamorfose


Aviso de ausência de Metamorfose
NO

Traí-me por tão pouco,

um sopro de vento,

um eco sem rosto.

 

Destruí-me no silêncio,

no peso do vazio,

no abismo que criei

com mãos que tremiam.

 

Por nada vendi minha alma,

uma moeda sem valor,

um desejo sem cor.

 

E agora, perdida em mim,

pergunto à sombra que restou:

vale tão pouco a essência,

ou é o nada que me consome?

 

Destruição tão doce,

traição tão amarga.

No fim, sou pó,

e o nada ri.

 

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Comentários2

  • Lucas Guerreiro

    O sentimento de negociar algo que, no fundo, sabemos que é valioso por uma coisa que nos proporciona apenas um alívio imediato, de fato, é frustrante. Colocar esse sentimento em palavras já é alguma coisa interessante, quer dizer que você tem tomado consciência disso, embora, talvez, não seja suficiente para abandonar seus vícios, se for esse o caso, sei bem como é. A sensação que eu tenho, por exemplo, é de que estou sempre fugindo de mim mesmo, nada parece ser o suficiente, esse sentimento de insuficiência e auto sabotagem, não sei se é isso que você quer dizer, se não for o caso, bem, isso quer dizer que falei demais.

    • Metamorfose

      Você destacou bem a nuance desse poema, e não falou demais. É verdade que a autossabotagem nos leva à fuga e à sensação de insuficiência. No meu caso, o vício está na escrita; ela me consome, mas também me salva, transformando meus sentimentos em algo concreto. É uma luta constante entre refúgio e enfrentamento, mas, de alguma forma, é onde me encontro.

    • Marcelo Eduardo de Oliveira

      E o nada ri...ironia profunda!



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