Noites e açoites, você diz,
ou vinho envenenado, assim o quis.
(Quando o sol amarelo amarela,
assim, nasce a querela!)
Minha aquarela já não te acompanha.
Felizes: todos que da vida não apanha.
Champanha? Campanha? Grito do Ipiranga?
Não! Apenas os rato escaldado, na
manhã de domingo, fumando cachimbo,
no igarapé, cheirando chulé,
na rua do boi, jumento com coi',
levando a maré, de tucunaré,
fresco ou salgado, frito ou mijado,
com rôz ou sem-rôz, levô um, paga dôx,
assalto ao mirante, trafica elefante,
de justo falante, mocinho da qualé, fritinho com xibé!
Condenado a escrever tais palavras,
condenado a sonhar acordado.
'nado a nascer, reproduzir, morrer.
'nado a viver sem que isso, por mim, fosse acordado.
Na dureza de tais palavras
não encontro a vida.
Na vida, não acho beleza, saúde, riqueza.
Apenas uma reclamação, uma ideia qui, otra acolá, hei de usar...
-
Autor:
Lucas Guerreiro (
Offline) - Publicado: 10 de janeiro de 2025 14:23
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 21
- Usuários favoritos deste poema: DayaneSampaio

Offline)
Comentários3
Parabéns amigo poeta , poesia combina com alegria , momento que contagiou sua inspiração , use mesmo todas reclamações em seus poemas .
Abraço .
Salve, amigo poeta! Gratidão pela visita em minha singela poesia e por deixar suas palavras de incentivo. Pode deixar, usarei tantas reclamações quanto forem possíveis! Abraços, fique bem.
Gostei das repetições de sons e principalmente da ideia de abreviar algumas palavras com apóstrofo. Show!
Obrigado pela leitura!
Parabéns pelo poema, Guerreiro. Você tinha razão, quando disse que eu gostaria. Este foi o trecho que mais gostei, por assim dizer:
"Felizes: todos que da vida não apanha.
Champanha? Campanha? Grito do Ipiranga?"
Na minha interpretação, esta é uma referência direta aos donos do Brasil, os que detém o poder há tantos anos, ainda são os mesmos. É como cantou Don L: "Os ricos são os donos do Estado, que ainda são os filhos dos senhores de escravo". Champanha, campanha (políticos), grito do Ipiranga (ouviram do Ipiranga às margens plácidas, de um povo heróico o brado retumbante... Esse hino nunca foi para o Povo).
A estrofe que vem depois dessa que destaquei, para mim, é a representação de cenas do cotidiano atual, a contemporaneidade e o caos que nela há, naturalmente.
Agradeço pela leitura atenta, Luciel, e que bom que você gostou!
Esse foi o meu primeiro ataque verborrágico com a escrita e eu, sinceramente, achei muito ruim. Mas, ao mostrá-lo para alguns amigos, disseram que haviam achado interessante.
Não posso dizer que sua interpretação está corretíssima, porque há pontos de subjetividade e livre interpretação em meus poemas, pelo menos tem na minha cabeça. Mas sua leitura é coerente com os temas desenvolvidos e, em meu fazer poético, tento fazer essa relação desde os poderes maiores até aos menores. Sobre a caoticidade contemporânea, é exatamente isso, é essa loucura de informações que insistem que a gente asborva a cada momento, mas que, na prática, não têm sentido algum.
Entendo. Os textos literários, geralmente são cheios de ambiguidade, costumam deixar margem para múltiplas interpretações. É como se "não houvesse interpretação 100% certa", só interpretações. De qualquer forma, o seu texto é muito bom.
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