O tempo, esse escultor de catedrais invisíveis,
molda o silêncio em pedras de memória.
É um rio que nunca se cansa,
mas que nunca retorna à nascente.
Na meia-noite, o mundo suspira em uníssono,
como se o cosmos sussurrasse segredos
que o agora dissolve na espuma do instante.
O Ano Novo chega,
um viajante de passos etéreos,
com promessas que dormem em sementes
e silêncios que aguardam florescer.
O tempo não é carrasco,
é apenas um espelho que dança com a luz.
Ele nos dá asas para partir
e raízes para recomeçar.
Há perdas que ferem como ventos de inverno,
e ganhos que desabrocham como flores ao amanhecer.
Mas não há ganho sem perda,
nem perda sem o presságio de algo a nascer.
Somos folhas, sim, mas também somos o vento.
A cada ciclo que se desfaz,
o velho se transforma em pó
para que o novo brote,
como o eco da terra em direção ao sol.
Aceita, então, o que o tempo leva —
ele não rouba, apenas recria.
Celebra o que ficou,
mas também o que ainda não veio.
Pois há no mistério do amanhã
o brilho de estrelas adormecidas,
esperando para ser luz.
E quando o relógio calar sua última batida,
quando o calendário virar a página,
lembra-te:
não é o ano que começa,
é você — sempre você,
renascendo outra vez.
- Autor: Sezar Kosta ( Offline)
- Publicado: 29 de dezembro de 2024 04:04
- Comentário do autor sobre o poema: Sabe aquele momento em que o tempo parece se esticar como um fio invisível, entrelaçando passado e futuro de uma forma que nem conseguimos entender direito? Foi isso que pensei enquanto escrevia sobre o ano novo e o recomeço. O tempo, essa coisa abstrata que nos escapa pelas mãos, nos ensina a dançar entre perdas e ganhos, como um bailarino de passos silenciosos. Eu quis trazer essa ideia de como o tempo é mais amigo do que inimigo, criando novos ciclos para a gente. No fim, o que realmente começa não é o ano novo, mas nós mesmos, renovados e prontos para florescer. Agora, quero saber de você: o que pensa sobre o ano novo e os recomeços? Deixe sua opinião nos comentários e vamos trocar umas ideias!
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 9
- Usuários favoritos deste poema: Sezar Kosta
Comentários2
"Mudança é a lei da vida" (Heráclito de Éfeso) Tudo se transformando, o tempo todo-todo o tempo...sem inicio ou fim...eternamente! Esse é meu ponto de vista atual e seu poema me trouxe de volta a essa perspectiva. Belo poema com imagens vívidas; metáforas originais e ricas; que faz a mente bailar. Desculpe me arrogar como analista do seu poema, é que realmente foi uma leitura muito rica. Grato!
Você realmente captou a essência do que queria dizer! Que comentário mais iluminado, obrigado por ele. O tempo não para, mas seu feedback foi como uma pausa deliciosa. Que o novo ciclo seja repleto de alegrias e momentos incríveis para você. Vamos juntos nessa jornada!
Ave, mestre! Sob a minha ótica espiritual, ainda fraca, senti neste seu brilhante poema um ensaio sobre a renovação da vida, que, penso ser cíclica com reencarnações sucessivas, com objetivo de renovação e aperfeiçoamento moral e intelectual constante, que é o único objetivo da existência. A metáfora do tempo como escultor de “catedrais invisíveis” nesta construção da alma impacta profundamente o leitor. Desculpe a invasão de sua inspiração. Forte abraço
Ah, que bom que você se juntou a essa reflexão! Seu comentário foi como um raio de sol iluminando o texto. Fico feliz que tenha gostado e espero que o tempo, essa força tão misteriosa, continue a ser um aliado no seu caminho. Vamos juntos, sempre em movimento!
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