Na paixão encontra-se a terra perdida, o pedaço do sol.
Tudo após isso é trivial, desgostoso.
Senti-la e perdê-la é mente comprimida, alma hansênica.
A picada do amor queima de prazer,
expande-se pros órgãos,
coloca-os em brasa,
por fim, carboniza em dolorosa dor.
O prazer peçonhento nos atrae
e, sem aposematismo,
nos rasga as profundas entranhas,
como se cortados e devorados aos poucos,
com longas pausas e muitas noites de desespero atroz.
Tortura certa, pressiona as alavancas
e o esquece no calabouço do insignificante pretérito.
Medida contraditória.
Aquele largado, antes de tudo, deseja o pretérito,
pois no presente não há nada além da angústia
da dilacerante faca, cortando a carne,
e a mandíbula quebrando-se em descargas elétricas de estresse,
solidão, medo.
- Autor: IF ( Offline)
- Publicado: 25 de julho de 2020 01:44
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 31
Comentários3
Reflexivo ! Agressivo e uma narrativa poética bastante triste (fazer o que é a Paixão)! Paz e Bem !
Sim, nem tudo são flores... Obrigada pelas palavras!
Gosto da bagagem biológica que trazes pros poemas. A luta pela sobrevivência, essa selvageria animal, esquecida por nós mas redescoberta por ti no cotidiano das paixões. Grato.
Obrigada pelo comentário! Quando tento descrever alguns sentimentos, muito da biologia vem a minha mente. Talvez porque, na natureza, as coisas aconteçam de forma muito intuitiva.
If, gostei de sua escrita rica, elegante,, boa de ler e refletir.
Obrigada, Cecilia. Quanta gentileza!
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