Na paixão encontra-se a terra perdida, o pedaço do sol.
Tudo após isso é trivial, desgostoso.
Senti-la e perdê-la é mente comprimida, alma hansênica.
A picada do amor queima de prazer,
expande-se pros órgãos,
coloca-os em brasa,
por fim, carboniza em dolorosa dor.
O prazer peçonhento nos atrae
e, sem aposematismo,
nos rasga as profundas entranhas,
como se cortados e devorados aos poucos,
com longas pausas e muitas noites de desespero atroz.
Tortura certa, pressiona as alavancas
e o esquece no calabouço do insignificante pretérito.
Medida contraditória.
Aquele largado, antes de tudo, deseja o pretérito,
pois no presente não há nada além da angústia
da dilacerante faca, cortando a carne,
e a mandíbula quebrando-se em descargas elétricas de estresse,
solidão, medo.