Nos olhos dela, vi o paraíso que nunca me foi prometido.
Um jardim onde cada flor exalava o perfume do proibido,
onde frutos dourados pendiam de galhos curvados pelo peso
de um desejo que queimava mais que o sol da manhã.
Tocá-la era tocar o próprio firmamento,
mas também sentir o peso da espada flamejante
guardando a entrada do Éden perdido.
As noites, silenciosas, tornaram-se meu confessionário.
De joelhos diante da escuridão,
rogava a um Deus cujo rosto eu não podia imaginar:
“Por que me deste asas se não posso voar para ela?
Por que plantaste em meu peito este fogo
que consome, mas não purifica?”
Ela era minha estrela cadente,
um lampejo de eternidade numa existência marcada
pela poeira e pela finitude.
Mas cada passo em sua direção
me fazia tropeçar nos espinhos da culpa,
e o céu, outrora tão azul e aberto,
se fechava em nuvens negras de julgamento.
Seus lábios, rubros como o fruto proibido,
traziam promessas de um êxtase que nem o cântico dos anjos
poderia descrever.
Mas ao pensar em tomá-la em meus braços,
eu ouvia o sussurro do pecado serpenteando em meu ouvido,
acusando-me de querer mais do que me foi permitido.
O desejo é uma prece ao contrário,
um eco que ascende ao céu, mas retorna em silêncio.
E eu, preso entre o altar e o abismo,
não sabia se deveria renunciar ao paraíso dos seus abraços
ou abraçar a queda como minha redenção.
Pois quem pode olhar para o céu
e não desejar o infinito?
E quem pode sentir o toque do divino
e não cair, mesmo que por um instante,
na tentação de ser apenas humano?
- Autor: Sezar Kosta ( Offline)
- Publicado: 4 de dezembro de 2024 08:16
- Comentário do autor sobre o poema: Às vezes, a gente se vê preso entre o céu e o abismo, como se a vida fosse uma corda bamba, onde cada passo parece levar a algo impossível de alcançar. Eu, particularmente, me perdi em um lugar assim ao tentar entender o fogo e a razão que queimam por dentro. E foi pensando nisso que escrevi sobre os dilemas entre o paraíso e o pecado, sobre como o desejo muitas vezes nos faz navegar entre o celestial e o terreno. Um momento de grande êxtase pode ser seguido de um mar de culpa, e o que resta é aquela sensação de que algo maior está sempre ao alcance, mas nunca completamente atingido. O que você pensa sobre isso? Deixe um comentário, adoraria saber sua impressão sobre esse jogo entre o divino e o humano!
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 9
- Usuários favoritos deste poema: Sezar Kosta, Melancolia...
Comentários3
Sensível e doce.
Muito obrigado meu amigo pelo seu comentário! Se as palavras fossem como sementes, as suas teriam me feito florescer. Que sua vida seja sempre colorida, cheia de encontros e momentos especiais. Que suas ideias cresçam como árvores frutíferas, dando sombra e frutos doces. Valeu mesmo!
Fantástico poema. Parabéns poeta.
Valeu, nem sei o que dizer... seu comentário foi como um vento suave após um dia quente! Que sua mente continue sendo um jardim fértil de boas ideias e que seu caminho seja sempre guiado por luzes cintilantes. Agradeço demais por essa troca!
Grata pelo comentário. Boa noite.
Escreves com a alma. Gosto muito, toca outras almas. Parabéns
Ah, seu comentário foi como um raio de sol em um dia nublado! Que bom saber que minha escrita te tocou de alguma forma. Desejo que sua jornada seja cheia de estrelas cadentes e momentos de pura inspiração. Muito obrigado por compartilhar suas impressões!
Ah, seu comentário foi como um raio de sol em um dia nublado! Que bom saber que minha escrita te tocou de alguma forma. Desejo que sua jornada seja cheia de estrelas cadentes e momentos de pura inspiração. Muito obrigado por compartilhar suas impressões!
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