Contagem Silenciosa

Alaska_aee

5... 4... 3... 2... 1... Sinto a leve pressão do metal frio contra a lateral da minha cabeça, rígido e gelado, junto a um leve tremor na mão. Por que você vai fazer isso?

5... 4... 3... 2... 1... O ranger da madeira preenche o silêncio, enquanto o vento assobia por uma fresta na janela. Minha respiração é calma, mas irregular. Por que você vai fazer isso?

5... 4... 3... 2... 1... Ouço uma pequena gota cair na madeira. Cada pequena gotícula se espalha, como se o som ecoasse por todos os cantos do quarto. Por que você está chorando? Por que você vai fazer isso?

5... 4... 3... 2... 1... Olho para o espelho à minha frente e vejo apenas o punho fechado, o metal frio da arma pressionando a lateral da minha cabeça. Meus olhos se ajustam à escuridão, e é quase como se um holofote iluminasse aquele fragmento de mim. Por que você vai fazer isso?

5... 4... 3... 2... 1... Sinto o nervosismo aumentar, meus joelhos doem pela posição. Por que voc... BANG.

3... 2... 1... Um clarão, um apito ensurdecedor, o impacto atravessando meu corpo, desligando cada parte de mim. Por que você fez isso?

2... 1... O choque contra a madeira empoeirada, meus olhos voltam ao espelho. Por que você fez isso?

1... Me vejo deitado em meio ao meu próprio sangue... morno sobre a madeira fria. Vejo meu reflexo, segurando a arma. Por que eu fiz isso?

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Vou escrever aqui, vai que você passa para ler.

Com carinho e melancolia,

Alaska e Juan Guilherme .

  • Autor: Alaska (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 17 de outubro de 2024 18:32
  • Comentário do autor sobre o poema: Esse poema, Contagem Silenciosa, reflete um momento de profunda introspecção e desespero, capturando o instante final de uma batalha interna contra a escuridão da mente. Para mim, ele simboliza o peso de uma decisão solitária, aquela em que os próprios pensamentos se tornam um eco, questionando as razões de um ato irreversível. A contagem regressiva, que ressoa em cada linha, é como um último diálogo consigo mesmo, um confronto com o que não se pode mais ignorar. É um texto que lida com o medo, a solidão e a complexidade de viver à beira do abismo, e nos lembra que, por trás de cada ato, há uma história, uma dor que nem sempre é visível. É um chamado ao entendimento da própria fragilidade humana e do impacto que nossas escolhas têm, mesmo quando tudo parece perdido.
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 7
Comentários +

Comentários1

  • Lilian Fátima

    Momentos de dor e pesar nem sempre estão visíveis ao mundo externo e isso contribui para o desespero e a descrença no mundo. Sofrido enredo. Poesia comovente



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