A Musa da Saudade

Paulo de Tarshish



Hipátia chora,

Suas lágrimas são essência do mar.

Lágrima é sangue da alma,

Quão grande é o sofrimento que a faz sangrar.

 

Porque chora a bela Hipátia?

Chora pois tem saudades.

Que saudade é essa?

É a saudade de uma era, de uma idade.

 

Hipátia olha o mar e respira o seu salgado ar;

Mergulha gentilmente a sua mão nas águas de cristal.

"Não sei porque choro, nem sei o que sinto."

Que saudade é essa, tão abismal.

 

Mistério esse, que consome o coração.

Saudosa essa memória que não consegues recordar.

"Sei que o meu amor estava aqui!"

Apontou a musa para o vasto mar.

 

Que amor é esse, donzela Hipátia?

"Sei que o amava, mas não me lembro quem era".

O que é feito dele?

"Sei apenas que este mar o consumiu de forma severa."

 

Viverá na tua alma esse amor, Ó musa!

Ainda que não te consigas recordar.

Será sempre uma saudade e memória,

Esse amor que não consegues esquecer ou lembrar.

 

  • Autor: Paulo de Tarshish (Offline Offline)
  • Publicado: 16 de outubro de 2024 13:17
  • Comentário do autor sobre o poema: Dedicado aqueles que, como eu, têm saudade de algo mas não conseguem recordar o que é. Todos aqueles que descendem da cultura Lusitana tomam para si a saudade como património da língua Portuguesa, é uma emoção que nenhum Americano, Inglês ou Alemão, poderão reconhecer. Somente o Português, o Brasileiro, o Angolano e o Cabo-Verdiano, poderão sentir essa emoção e dar-lhe o nome, que é nosso, Saudade. Não importa o nosso background genético, isso é irrelevante. A saudade é uma essência, um espirito que habita naqueles que herdaram uma memória cultural, uma vida passada que foi esquecida, esquecida mas não por completo. Que saudade é esta, que consome o Lusitano e seus descendentes? Algum dia nos recordaremos da identidade desse amor perdido?
  • Categoria: Espiritual
  • Visualizações: 5


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