Muitas vezes eu sonho um sonho louco,
um sonho que me envolve pouco a pouco,
e, à mi! alma mostra cena sem par...
Me vejo só, andando entre vielas,
e, sob a luz de lampiões a velas,
vou indo com destino a algum lugar...
Meu costume é dum verde aveludado,
que agasalha alva bata de brocado,
e, as negras botinas da austeridade...
No porte eu carrego um ar de nobreza
e, dentro d’alma, a sólida certeza
de que vivo intensa realidade...
O estilo barroco das construções
não me espanta, e nem as emanações
que voejam no ar me causam medo...
Traz um mistério a noite enluarada,
e, uma intuição, estranha e velada,
lembra trama de inolvidável enredo...
Se me depara um casarão austero...
Meu peito agita, e os passos acelero,
qual me espreitassem sombras num levante...
Mas, sei que preciso seguir em frente...
É urgente e necessário que eu tente,
e, então eu sigo sempre confiante...
Entro e vejo que, em meio a realeza,
sob o som duma valsa vianesa,
pares rodopiam alegremente...
Sei que pertenço àquela sociedade,
que canta, dança e ri em irmandade
mas, não paro, quero seguir somente...
A escadaria, além, é trabalhada,
elegante, em linda forma entalhada...
Subo, pois sei que lá é o meu destino...
Paro à porta majestosa e me ufano
Penso que vou desvendar um arcano
porém, sempre desperto, repentino...
E volto à realidade do presente,
trazendo dentro d! Alma ainda rente
uma impressão deveras singular!
E, de olhar perdido na escuridão,
indago aos céus em forma de oração:
Onde eu vivi tal cena secular?
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Autor:
Nelson de Medeiros (
Offline) - Publicado: 26 de setembro de 2024 18:03
- Comentário do autor sobre o poema: Sonho que num tempo atrás, se repetiu constantemente, até a sua descrição em sextetos.
- Categoria: Fantástico
- Visualizações: 7
- Usuários favoritos deste poema: Lim
Offline)
Comentários2
Não seria nada improvável que o poeta tenha, em outra encarnação sido um nobre e tenha tido seu próprio palacio e era reconhecido e aplaudido como poeta do reino.
Pois é, minha amiga. Pode ser por ai, quem sabe né?
1 ab
Poeta, também tenho sonhos inacreditáveis. Eu gosto muito de passear por eles. Que bom lhe ler! Amei. Feliz dia!
Olá minha amiga poeta. Bom demais. É como de a gente estivesse vivendo outra vida, né? Escreva e nos conte um desses sonhos. 1 ab
Oi querido! Exatamente! Sempre gostei de sonhar, eu ando por lugares que nunca vi, outros já conheço só de sonhar. Pessoas, situações diferentes. Como você disse, é como tivesse outra vida! Algumas vezes acordo cansada. Muitas vezes sonho que estou atrasada ou perdida. Eu sei diferenciar que esses são questões do meu inconsciente. Outros, acredito serem espirituais, e avisos. Esse mundo dos sonhos me encanta. Eu gosto de lembrar quando acordo, mas nem sempre consigo. Mas a sensação fica. É muito bom. Um abraço, feliz noite.
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