Estou à deriva
Como vim parar aqui?
Num barco,num oceano em que não se conhece a sua profundidade
A imensidão assusta.O desconhecido me inspira medo
A visão das águas em tom azul escuro escondem as criaturas que nela vivem
O barco segue a navegar
Sinto no peito o coração pesar. Chega a ser dor,como uma ferida inflamada.
Em mente, a forma de aliviar é rasgá-lo e deixar o peso esvair-se
E o barco a navegar
Navega, se deixa levar ao sabor das ondas e não para onde se quer ir
Como irei para onde quero, se nem sequer encontro os remos?
Sigo com o peso no peito.
Terra firme, nada.
Com o balanço do barco ,o tempo passa lentamente. O céu se cobre de estrelas.
Nunca vi céu tão estrelado,lindo!
Vejo o brilho refletido nas águas ao redor
O silêncio é quebrado pelo som da àgua que bate no casco do barco.
Silêncio e água
O barco a navegar
Sob o forro negro,brilhante e aberto ,o medo dá lugar à contemplação
Ah, se não fosse a escuridão!
Não saberia a imensidão de estrelas, suas dimensões, nem a beleza de um céu tão iluminado.
Busquei no avesso das minhas entranhas
A coragem de olhar para a água de tom azul escuro que a noite tornara ainda mais escura
Consegui ali, ver a minha face refletida
Já não era mais eu. Não me reconheci.
No balanço do barco, guiada pelo medo
Eu me perdi.
Eu senti o tempo,porém perdi a noção
Realmente sou eu, ou quem me tornei?
Será que me falta a razão?
Adormeci depois de assombrar-me com a minha feição
Ao despertar, a claridade por um instante me cegara
O barco ainda a navegar
As águas refletem o brilho,agora, dos raios de sol
Terra firme avisto. Me pergunto:
Mesmo em terra firme, continuarei à deriva?
- Autor: Eliza ( Offline)
- Publicado: 17 de julho de 2020 20:48
- Comentário do autor sobre o poema: Na madrugada, o teto virou uma noite estrelada, a cama virou um barco, o chão um oceano.
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 53
Comentários3
Gostei do poema e o comentário completou-o na perfeição!
Obrigada, R. Barbosa Gameiro!
Lindissimo o teu poema, menina poeta
Parabens
1 ab
Naveguei na imensidão do seu poema...
Lindo!
Abraço
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