Eliza

À deriva

Estou à deriva

Como vim parar aqui?

Num barco,num oceano em que não se conhece a sua profundidade

A imensidão assusta.O desconhecido me inspira medo

A visão das águas em tom azul escuro escondem as criaturas que nela vivem

O barco segue a navegar

Sinto no peito o coração pesar. Chega a ser dor,como uma ferida inflamada.

Em mente, a forma de aliviar é rasgá-lo e deixar o peso esvair-se

E o barco a navegar

Navega, se deixa levar ao sabor das ondas e não para onde se quer ir

Como irei para onde quero, se nem sequer encontro os remos?

Sigo com o peso no peito.

Terra firme, nada.

Com o balanço do barco ,o tempo passa lentamente. O céu se cobre de estrelas.

Nunca vi céu tão estrelado,lindo!

Vejo o brilho refletido nas águas ao redor

O silêncio é quebrado pelo som da àgua que bate no casco do barco.

Silêncio e água

O barco a navegar

Sob o forro negro,brilhante e aberto ,o medo dá lugar à contemplação

Ah, se não fosse a escuridão!

Não saberia a imensidão de estrelas, suas dimensões, nem a beleza de um céu tão iluminado.

Busquei no avesso das minhas entranhas 

A coragem de olhar para a água de tom azul escuro que a noite tornara ainda mais escura

Consegui ali, ver a minha face refletida

Já não era mais eu. Não me reconheci.

No balanço do barco, guiada pelo medo

Eu me perdi.

Eu senti o tempo,porém perdi a noção

Realmente sou eu, ou quem me tornei?

Será que me falta a razão?

Adormeci depois de assombrar-me com  a minha feição

Ao despertar, a claridade por um instante me cegara

O barco ainda a navegar

As águas refletem o brilho,agora, dos raios de sol

Terra firme avisto. Me pergunto: 

Mesmo em terra firme, continuarei à deriva?