SEXTA FEIRA DIA TREZE E OS TERRORES AGORA SÃO OUTROS

Charles Araújo

SEXTA FEIRA DIA TREZE E OS TERRORES AGORA SÃO OUTROS 

 

Sexta-feira, treze, dia do azar?  

A noite desce, gato preto mia  

Despreocupado, no muro da  

Velha Maria, que só vive a  

Reclamar da aposentadoria.  

Enquanto as "bruxas"  

AS que não foram consumidas  

Pela Inquisição devem estar  

Fazendo home office.

 

Velas acesas? Culpa da conta de luz não paga.  

A guilhotina aposentada virou peça de museu,  

E o carrasco? Foi contratado como chefe no escritório.  

Terror? Só o preço do supermercado,  

E o medo do aumento do aluguel.  

Ou o roubo a mão armada nas bombas de combustível.

 

Espíritos de porcos? Não, só engravatados,  

Fuçando vantagens em contratos,  

Enquanto corpos reviram na cama,  

Pensando em como pagar os boletos do próximo mês. Bocas sedentas? Talvez não por falta de água potável, mas sim por um aumento, Ou quem sabe, um fim de semana sem trabalhar.

 

Túmulos rachados, culpa da alta inflação e das bolhas imobiliárias,  

Corujas e sapos empalhados, e Jack cabeça de abóbora viraram influencers,Oferecendo soluções mágicas em lives.  

Os perigos? Estão por toda parte,  

Disfarçados de promessas de eleição  

E de descontos imperdíveis em liquidações de produtos duvidosos.

 

Passos invisíveis nas calçadas?  

Só o trabalhador indo para o terceiro turno.  

O caldeirão encardido ferve,  

Mas só porque o gás está caro demais.  

Cabeças de abutre? Não, só os ministros cozinhando mais um "plano de cortes". Chagas abertas? Apenas o sistema de saúde, à espera de um milagre.

 

Nada a temer, é só mais um dia comum,  

Nesta sexta-feira 13,  

Tudo vai "voltar ao normal"  

No jornal da manhã.  

Mas cuidado: Ouço ruídos nos corredores...  

Ou seriam as promessas de Delfim Neto  

Que ressoam na atualidade:  

"Temos que esperar o bolo crescer para repartir com o povo..."

 

Assim vamos nós fazendo o que pode no fim da linha hereditária, se virando como pode 

e pedido toca Raul…

 

“lá vou eu de novo

Brasileiro nato

Se eu não morro eu mato

Essa desnutrição

A minha teimosia

Braba de

guerreiro

É que me faz o primeiro

Dessa procissão…

 

 

  • Autor: C.araujo (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 13 de setembro de 2024 21:38
  • Comentário do autor sobre o poema: Prometi a mim mesmo que neste ano não me envolveria com política, mas não posso ser indiferente diante da ironia do cenário atual. Falo pela minha experiência e pelas cenas lamentáveis que vejo diariamente, mesmo sem procurar por elas. O que me inspirou a escrever essa crítica, numa sexta-feira treze, foi o sentimento de horror que carrego como cidadão, sofrendo na pele os efeitos de um sistema político que sempre oprimiu os trabalhadores e as classes menos favorecidas. Reconheço que, apesar dos atrasos recorrentes, ainda consigo cumprir minhas obrigações financeiras. No entanto, o que mais me abate é perceber que a perspectiva de melhoria parece distante, quase como se só um milagre pudesse mudar o cenário e sou bastante cético quanto a isso. Deixo aqui minha solidariedade a todos os brasileiros de bem, que, mesmo diante de tantas dificuldades, seguem firmes em suas convicções.
  • Categoria: Não classificado
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Comentários +

Comentários1

  • Lilian Fátima

    A politica está no nosso dia a dia, ainda que, no pano de fundo de ações e governança;. Gostei desse alinhavo a data do dia 13 . Abraços



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