Portal de Vida e Morte

Paulo de Freitas Mendonça


Aviso de ausência de Paulo de Freitas Mendonça
YES

Portal de Vida e Morte

 

A morte, ali, era paz.

Um lindo portal se abriu,

mas o morto nada viu,

de tudo era incapaz.

O silencio eterno jaz,

hipnótico, em sua frente.

Fechou-se tão de repente,

qual fosse ele fugitivo

e o morto continuou vivo,

sem entender, o  vivente.

 

Uma fração de segundo

no tempo do encarnado.

Quanto terá esperado

o portal no outro mundo?

E de onde é oriundo

o portal, passagem rasa,

sem anjo de nobre asa

e sem tridente, nem fogo,

sem nenhum humano jogo

que ao ente eleva ou arrasa?

 

Mais dúvidas que certeza

no morto vivem agora,

contudo, nada apavora

sua pobre alma presa.

Mais suave é sua fraqueza,

seu espírito, mais forte.

Busca algo que o conforte

no portal que ali surgiu.

Tanto viu no que não viu:

segredos de vida e morte.

 

Viu no portal tão somente

que a tal morte não é viva.

É suprema, nobre, altiva,

uma paz onipotente,

sutil passagem silente

nunca jamais percebida,

dimensão evoluída,

um silêncio absoluto.

Morte é sem foice e sem luto:

não é viva, a morte, é vida.

Comentários +

Comentários4

  • Nelson de Medeiros

    Ave , poeta Paulo! Grande é foi tua inspiração neste poema que transcende a vida e ilumina, com certeza, o portal da morte, com luzes de nova vida. ab

  • Shmuel

    Realmente o nobre poeta trabalhou de forma poética com um tema tão sensível para todos.
    Muito bom! Me senti confortável após a leitura.

    Abraços,v

  • Paulo de Freitas Mendonça

    Muito Obrigado, poeta.
    A inspiração requer transpiração, às vezes por longa vida.
    Abraço

  • Paulo de Freitas Mendonça

    Me alegro que tenha tocado tua alma de poeta.
    Muito Obrigado.
    Abraço



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