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Nas palavras encontro uma paz singular.
Elas falam-me sem hesitações e custa
tão pouco entendê-las. Sem elas estaria
completamente morta. Nas palavras habita
recolhimento e silêncio. Um universo pleno
de glória que contém um pouco mais da
luminosidade em profundidade. É densa,
mas é expressão leve. Entro em mim e penso:
— E se a paz não fosse 1enrubescer? E se fosse silêncio e recolhimento naturais?
A estupenda e sublime plenitude do jardim de casa, das minhocas na lama?
A semelhança é evidente, contudo na minha paz habita o que não é importante
e no que não há importância descansa o imprescindível d'alma.
Nas palavras a paz é uma vida mais alta, mais
alta do que tudo aquilo que me rodeia. Sem lutar
ou desejar muito. É possível esmiuçar-se e não
duvidar por um instante sequer da absoluta
verdade das borboletas ou aves. Estar
predisposta a ver adiante o brilho da chuva,
assertivamente agir no instante-já e não
duvidar do que se é, do que há – Amar.
Ainda estou na procura duma palavra
tão agradável e tão doce como mel
e voo pleno de pássaro.
1Tornar-se mais rubro; ruborizar-se, como no pôr do sol o mar se enrubesce. Com este verso quis aludir à necessidade que muitos têm de recorrer ao interior de si ou de algo vermelho (não-importante) para encontrar uma falsa paz.
- Autor: Hyun (em coreano significa: iluminado) (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 15 de abril de 2024 19:00
- Comentário do autor sobre o poema: Para comemorar mais um ano de existência, posto esse poema que tem abrigo um espaço largo no meu coração - é meu espírito atual.
- Categoria: Reflexão
- Visualizações: 20
- Usuários favoritos deste poema: Letícia Alves
Comentários2
SERGIO NEVES - ...minha mui querida Letícia Alves...,...como sempre nos dando uma "aula" de sensibilidade poética-filosófica...,..."...nas palavras habita recolhimento e silêncio...",...bom, ...no todo dessa tua reflexão dá-nos bem a entender isso, mas, "na prática", nas tintas desse "papel", o que também estás a fazer é "retumbantear" palavras que ecoam forte em todo sensorial do leitor...,...o subjetivismo delas, como por ti aqui explícitas e bem versas, se exteroriza e se faz sublime e muito sentido...,...entende-se bem a tua dita circunsrancial necessidade de "palavrear" como se uma íntima "oração" aplacadora de alguma agrura espiritual isso fosse...,...e, acredite, todo esse teu escrito transmite com grandeza esse íntimo "reflexionar"...,...bom te ler! /// ... deixo aqui também uma intimamente sentida palavra: Carinhos!
Que apreciação mais bela! "o subjetivismo delas [...], se exterioriza e se faz sublime e muito sentido". No ponto!! É exatamente isso. A característica mais crucial da palavra. Sempre bom ler os seus generosos comentários. Abraços!!
SERGIO NEVES - ...ah! ...deixa eu falar da "música": ...tu, com uma sensibilidade que só de ti é deste uma "puladinha de cerca"...,...largou as asiáticas "plagas" para "aportar" em "bluesianas" terras...,...eu, particularmente, gosto por demais desse pessoal que parece ter incrustadas na garganta, na voz, n'alma, tudo o que de angelical há na música...,...ouço muita coisa das gentes de Louisiana -há lá artistas quase que "anônimos" fantásticos...,...a Fitzgerald não era "louisianense", mas, era como se fosse...,...e "Summertime" na voz dela é "do caramba!"... // ...bom, é isso...,..."rabisquei" tudo isso mais para deixar "marcado" o quanto acho que sensivel tu és... /// Carinhos.
adorei o termo terras "bluesianas" haha!
Também adoro esse estilo: amo jazz, música clássica em geral e, claro, um bom blues. A voz da Fitzgerald é algo extraordinário! Ela é a minha segunda cantora favorita. Sempre bom juntar o melhor dos dois mundos: um pouquinho de bossa nova do nosso maravilhoso país, gotas de "sofrências" asiáticas e, pra finalizar, pitadas de jazz from american lands. Abraços e uma boa semana!
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