Passando pela rua,
Acompanhado com ela:
Pobreza, amiga muda,
Não diz nada, me congela.
Ela, nunca pensou em se afastar,
Me sucumbi, me afoga, me ajuda,
Tudo isso para sentir triste soar,
Fico no frio, sem fartura e muda.
Seria sonho se a boca falasse,
Ao invés, os dentes que falam,
O que o coração passa, passe...
O que sofro aqui, morre, morram...
Esse casaco sem pele,
Sem capital ou força,
Apenas busco que vele,
Suma com parasitas, retorça....
Se a boca pudesse falar algo,
Se me queixasse, me deixariam rica,
Mas de elogios, deixando mais crítica,
Deixando tudo ainda mais vago...
Se pudesse impedir o raio,
Meu apego por mentiras,
Se pudesse correr, mas só caio,
Meu gracejo já nas miras.
Mas toda essa ilusão que penso,
Logo acordo, vejo-me chorar,
Percebo a pobreza, fica tenso...
Vem a utopia, não quero afogar...
Queria tirar esse casaco relé,
Que nunca, me protege,
Apenas me enche de falsa fé,
Clamo à faca, me rele.
Alguém me salva, me envolve,
Retiro essa peça, tão inútil,
Pobreza fosca, se dissolve,
Todo esse peso some, tão fútil.
Agora a pobreza me deixou,
A lágrima sumiu e o sangue secou,
Mas perco meu casaco de veludo,
Que deixou meu coração mudo...
Minha única riqueza que vendi,
Consigo em troca a ilusão farta,
O quase nada que tinha já fendi,
Agora sem escolha, nem carta.
Se pudesse ao menos dizer,
Que sinto, que minto, que quero viver,
Mas a pobreza não me deixava,
E quem podia, nunca me ajudava.
- Autor: Sales (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 6 de julho de 2020 22:03
- Comentário do autor sobre o poema: Ultimamente passei por dificuldades, um raio queimou minha internet e computador, que me deixou sem publicar poema, junto com todo a rejeição que sinto por uma parte de minha família, ainda tenho a virtude de quebrar o tablet de minhas irmãs e o celular de serviço da minha mãe, sinto me muito mal com isso, algo que não tem como eu recorrer nem ajudar, fico com muito medo de mim mesmo, já que desde sempre me vejo como um monstro desajeitado, que quebra tudo, incluindo o sentimento das pessoas. Tudo isso passando por dificuldades financeiras, além da pandemia, e as crises voltam, talvez voltei a um momento em pensar em cortar alguma artéria com a tesoura da geladeira, mas percebi que é a única coisa que tenho, que também é a mais preciosa e única, que me dá oportunidade de retribuir um pouco do carinho que minha mãe me deu, que não consigo retribuir, apenas tento fugir pois não sei como faço para ajudar ela , nem minhas irmãs, nem mesmo as pessoas que eu amo, sinto me como um casaco furado no Alaska, inútil, mas não posso me deixar ser controlado por minhas emoções, tenho que ser férreo, me tornar alguém melhor, para poder ajudar todos, para que ninguém sinta o que eu senti por uns anos, e que as vezes ainda me assola, resiliente, é o que busco ser.
- Categoria: Perdão
- Visualizações: 162
Comentários2
A poesia se expressa com a inspiração de todas as emoções.
A vida nos proporciona desafios e nos exige reflexão para fazermos escolhas mais produtivas.
Seu poema é carregado de emoção, revolta, desabafo em versos.
Nas dificuldades da vida ou na sua esplendorosa beleza e bênçãos, faça sempre poesia... Pois você é poeta!
Abraço
Obrigado pelo apoio Grande amigo, abraços!
Ótimo poema, realmente as vezes parece que as circunstancias estão contra nós, ou que a vida nos deu uma mão injusta, mas não aceite isso, cada dificuldade que enfrentamos nos quebra ou fortalece, só depende de como você lida com isso.
Admiro sua coragem e perseverança, continue querendo e se tornando uma pessoa melhor sempre.
E eu entrei no seu link para dar uma força, gostaria de ajudar mais mas não tenho esse poder ainda.
Abraços e boa sorte poeta!
Muito obrigado por ler, pelos e elogios e ajuda, abraços amigo!
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