//meuladopoetico.com/

igSalez_1

Pobreza

Passando pela rua, 

Acompanhado com ela:

Pobreza, amiga muda,

Não diz nada, me congela.  

 

Ela, nunca pensou em se afastar,

Me sucumbi, me afoga, me ajuda,

Tudo isso para sentir triste soar,

Fico no frio, sem fartura e muda.  

 

Seria sonho se a boca falasse,

Ao invés, os dentes que falam,

O que o coração passa, passe...

O que sofro aqui, morre, morram...  

 

 Esse casaco sem pele,

Sem capital ou força, 

Apenas busco que vele,

Suma com parasitas, retorça....  

 

Se a boca pudesse falar algo,

Se me queixasse, me deixariam rica,

Mas de elogios, deixando mais crítica,

Deixando tudo ainda mais vago...  

 

Se pudesse impedir o raio, 

Meu apego por mentiras,

Se pudesse correr, mas só caio,

Meu gracejo já nas miras.  

 

Mas toda essa ilusão que penso,

Logo acordo, vejo-me chorar,

Percebo a pobreza, fica tenso...

Vem a utopia, não quero afogar...  

 

Queria tirar esse casaco relé,

Que nunca, me protege,

Apenas me enche de falsa fé,

Clamo à faca, me rele.  

 

Alguém me salva, me envolve,

Retiro essa peça, tão inútil,

 

Pobreza fosca, se dissolve,

Todo esse peso some, tão fútil.  

 

Agora a pobreza me deixou,

A lágrima sumiu e o sangue secou,

Mas perco meu casaco de veludo,

Que deixou meu coração mudo...  

 

Minha única riqueza que vendi, 

Consigo em troca a ilusão farta,

O quase nada que tinha já fendi,

Agora sem escolha, nem carta. 

 

Se pudesse ao menos dizer, 

Que sinto, que minto, que quero viver,

Mas a pobreza não me deixava,

E quem podia, nunca me ajudava.