Chico Lino

CHEIRO DE MEDO


Aviso de ausência de Chico Lino
NO

CHEIRO DE MEDO
Chico Lino
                                  
Escravo da invenção
De que o trabalho enobrece

O voluntário servidor
É feliz encilhado
Tagarela de suas pantomimas

Abertas as perigosas
Cortinas passadas
Contemplamos assustados
A aquarela

Não a Aquarela de Ary Barroso,
Na sora voz de João Gilberto

Vemos em cada cômodo
Por entre a velha
Conhecida mobília
Surgirem tremulando
Numa escuridão expressionista
Fantasmagóricas lembranças  

O berro
O grito
O urro

O medo é uma pulsão
Que exala cheiro desagradável

Daí cachorro atacar
A quem os teme
Sensíveis ao mal cheiro
Do medo
Que agride seu faro

Agredidos
Somente humanos
Dão a outra face

Sempre soube
Que medo tinha cheiro

Não identificava
Até entender melhor
Sobre transmutação nuclear

Hiroshima
Nagasaki
Chernobyl

Alguma coisa no ar
Como ondas de rádio
Que a gente nunca vil

  • Autor: Chico Lino (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 6 de Julho de 2020 00:22
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 47

Comentários3

  • Hébron

    Chico, da leitura me veio lembrança da infância em que tinha muito medo de cachorro solto na rua, e o ditado em vão: "se ficar com medo ele avança, é só não ter medo..."
    Gostei muito da sutilidade do seu desfecho '...a gente nunca vil'!
    Abraço

    • Chico Lino

      Hébron, acho que precisaríamos muito tempo de terapia; somente dizer para nao ter medo, não resolve... valeu...

    • Cecilia

      Gostei muitíssimo deste seu poema. Obrigada, foi um prazer lê-lo.

    • Chico Lino

      Cecilia, é muito gratificante ler estas suas palavras; afinal, é para obter opiniões, que nos expomos, compartilhando nossos sonhos, ideias e preocupações com os amigos...
      Precisaria de muito mais tempo para ler todos e tudo que é publicado aqui no Meu Lado Poético... aos poucos vamos vencendo... Forte abraço...



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