NO
CHEIRO DE MEDO
Chico Lino
Escravo da invenção
De que o trabalho enobrece
O voluntário servidor
É feliz encilhado
Tagarela de suas pantomimas
Abertas as perigosas
Cortinas passadas
Contemplamos assustados
A aquarela
Não a Aquarela de Ary Barroso,
Na sora voz de João Gilberto
Vemos em cada cômodo
Por entre a velha
Conhecida mobília
Surgirem tremulando
Numa escuridão expressionista
Fantasmagóricas lembranças
O berro
O grito
O urro
O medo é uma pulsão
Que exala cheiro desagradável
Daí cachorro atacar
A quem os teme
Sensíveis ao mal cheiro
Do medo
Que agride seu faro
Agredidos
Somente humanos
Dão a outra face
Sempre soube
Que medo tinha cheiro
Não identificava
Até entender melhor
Sobre transmutação nuclear
Hiroshima
Nagasaki
Chernobyl
Alguma coisa no ar
Como ondas de rádio
Que a gente nunca vil
- Autor: Chico Lino (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 6 de julho de 2020 00:22
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 48
Comentários3
Chico, da leitura me veio lembrança da infância em que tinha muito medo de cachorro solto na rua, e o ditado em vão: "se ficar com medo ele avança, é só não ter medo..."
Gostei muito da sutilidade do seu desfecho '...a gente nunca vil'!
Abraço
Hébron, acho que precisaríamos muito tempo de terapia; somente dizer para nao ter medo, não resolve... valeu...
Gostei muitíssimo deste seu poema. Obrigada, foi um prazer lê-lo.
Cecilia, é muito gratificante ler estas suas palavras; afinal, é para obter opiniões, que nos expomos, compartilhando nossos sonhos, ideias e preocupações com os amigos...
Precisaria de muito mais tempo para ler todos e tudo que é publicado aqui no Meu Lado Poético... aos poucos vamos vencendo... Forte abraço...
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