Letícia Alves

Soneto da Chuva



Uma neblina bem no alto da montanha põe-se
à porta. Durante todo o inverno espero
algo e não vem ninguém. Os pinheiros
ao vento ressoam em silêncio gentil.

Escurecidos exclamam a saudade de outrora,
achada na felicidade atual de alguém
que já se pôs sorrindo atrás da porta...
Casas decaídas, enfileiradas, uma esquina.

Ando com passos preguiçosos, ouço o piano da
chuva que cai. A chuva reflete reflexiva na poça
d'água. Entre muitos pensamentos e nenhum.

O mundo parece acontecer bem devagar. Meu corpo
é muito pesado; continuo no declínio a passos fracos.
Murchei no inverno e a primavera envelheceu sozinha.

Comentários2

  • Antonio Luiz

    Querida poeta e amiga Letícia,

    Ficou encantador o teu soneto!
    De fato, "o mundo parece acontecer bem devagar" quando a gente te lê e percebe a fluidez e precisão com que as palavras são dispostas em teus textos! Parabéns!

    Um abraço.

  • Sergio Neves

    SERGIO NEVES - ...minha querida Letícia...,...estás muito da "profícua"! ...li todos esses últimos escritos que tu aqui derramaste...,... como sempre, um extasio poético/literário! ...mas, volto depois para "comentar" um a um, como a tua escrita merece... /// Carinhos sempre, quase lusitana menina.



Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.