Até que a morte o liberte

Isabele Farias

Eu nunca me senti
Inclusa ao que
Ao meu redor
Existe e acontece
 
Eu nunca percebi
Que aquela exclusão
Pudesse ser a solidão
Tomando conta de mim
 
Eu sempre achei
Que um dia pudesse
Me tornar alguém
Que eu quisesse ser
 
Sempre buscando
seguir os passos daqueles
que para mim eram o
exemplo perfeito
 
Sempre deixando
Com que falassem
Para mim, o que
Eu deveria fazer
 
Sempre pensando
Nos outros, nunca
Pensando em mim
Preocupada demais
com o que eu seria
 
Seguindo ordens
de alguém que  
sempre dizia o
que eu deveria ser
 
Eu nunca achei que
um dia pudesse me
tornar alguém que
eu sempre admirei
 
E o que me tornei
Eu não sei, só sei
Que o meu passado
Nunca saiu de mim
 
Atormentada por seus
Estilhaços, me desmonto
Em pedaços como em
Um quebra-cabeça
 
Que ao ser remontado
Nunca está completo
Sempre fica um buraco
Sempre falta uma peça
 
E me faz incompleta
Uma única peça, que
Carrega o peso de
Um sonho enterrado
 
Me pergunto se o
que eu faço é o
mesmo que aquilo
que eu deveria fazer
 
Em um verso bagunçado
Eu me viro do avesso
Pra criar um recomeço
De quem eu queria ser
 
Mas permaneço
Imóvel, pois, percebo
que os contras pesam
mais que os prós
 
E ali, sem movimento
Eu desisto da ideia,
Só naquele momento,
De ser quem eu queria
 
O meu sonho de poeta
Agora trancafiado, mas
Ainda intacto, pois não
Desisti de mim
 
O que de mim faz parte
é a poesia, é arte, é a
palavra, a escrita, que
mantenho por perto
 
E quem sabe um dia
Num futuro não tão
Próximo, o meu sonho
Trancado, em meu leito
De morte, não seja liberto?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  • Autor: Isabele Farias (Offline Offline)
  • Publicado: 29 de junho de 2020 02:20
  • Comentário do autor sobre o poema: Bom, esse poema tem ligação direta e quase explícita à mim. Ele é uma praticamente carta reflexiva em forma de poema; tendo uma certa percepção negativa, e poucas esperanças de que dê certo, mas que mesmo assim eu sigo tentando pois é oq eu sou; a escrita faz parte de mim.
  • Categoria: Carta
  • Visualizações: 21
Comentários +

Comentários3

  • Nelson de Medeiros

    Caramba! Que autentuicidade e que formna linda e bem postada em seus versos vc conseguiu tranmistir aos leitores;
    Parabens

    1 ab

  • SANTO VANDINHO

    Triste e Reflexivo poema, mas uma realidade de praticamente todos Escritores que desabafa seus e dos outros os problemas (Muitas vezes em versos alegres e outras vezes triste. Mas, felizes são aqueles que encontram na Escrita ou outra Arte Saudável uma maneira de desabafar e Si Cuidar e Cuidar ! / Paz e Bem Poetisa Linda Beijusssss

  • Crica Marques

    Não, não desista! Lindo seu poema!
    "Uma única peça, que
    Carrega o peso de
    Um sonho enterrado"
    Abçs



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