Aos pés da mesa posta
a infância se esvai líquida
por entre as frestas dos assoalhos de taco
Soubessem os adultos sentados
que o escorrer das horas se derretia
por entre brechas de pedaços de ipês
jatobás, amêndolas, carvalhos e perobas
os almoços de domingo seriam mais demorados
e o papear descompromissado se prolongaria
até ao começar das noites que se sucedem
ao final das tardes que não voltam mais
E quando tudo se for embora
no evaporar do sólido à memória
ainda hei de lá estar
brincando por debaixo dos móveis
que fizeram o teto sob o qual
se agasalham pequenos segredos
da parte mais importante da minha história
Sobre o céu das meninices rasteiras
adultos se banqueteiam distraídos
enquanto as infâncias embaixo se dissolvem
- Autor: joaquim cesario de mello ( Offline)
- Publicado: 18 de agosto de 2023 09:33
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 6
- Usuários favoritos deste poema: CORASSIS
Comentários1
Ah Pernambuco querido , de memórias tão presentes do poeta !
Revivi meu passado
Obrigado poeta
Abraços
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