Nem só de pão…

Ema Machado


Aviso de ausência de Ema Machado
NO

Nem só de pão…

Ema Machado -Brasil 

 

Arrefecem os tempos

Sentimentos, gradativamente perdem espaço

Erguem-se muros, pendem os braços

O amor anda frio, e antiquado…

 

Lembro-me das festas de família

Quando a simplicidade servia a mesa

O afeto era o prato que havia

Acaloradas gargalhadas de sobremesa

 

Nas agruras daquela época

Em que tudo, era feito em mutirão

Era tudo partilhado, colhido e plantado

Podia ser pouco, mas não faltava alimento. Era moeda do coração 

 

Crianças, verdadeiras proles

Passarinhos em revoada

Pousavam na mesma árvore 

Pulos em amarelinhas, carrosséis e cantigas de roda

 

Lembro-me saudosa das manhãs de domingo

Pulava da cama bem cedinho 

Dia de aprender a rezar

Acorda, menina e menino! Gritava na igreja o sino, 

Por vezes, parecia cantar

 

Hoje, em que há fartura de bens

É cada um por si

Poucos são os que repartem o pão ou algum vintém

Telas frias, mentes vazias

Vidas ficam aquém…

 

Vejo arrefecer o amor

Muitos, nem sabem o que é isso

É alimento vital, de maior valor e sabor

A maioria dos alimentos de agora, não saciam, pois…

Só alimentam o ego e o vício…

  • Autor: Ema Machado (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 21 de junho de 2023 22:45
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 12
Comentários +

Comentários3

  • Maria dorta

    Um poema com cunho social onde teu eu lírico ,saudosista, dá um puxão de orelhas naqueles que esquecem de cultivar a família e o calor dos amigos,agindo com sororidade e comunhão de afetos e de bens. Aplausos!

    • Ema Machado

      Obrigada, querida amiga! Abraço

    • Shmuel

      Concordo com a querida poeta. Éramos unidos e atenciosos, mesmo com o pouco de recursos disponíveis.
      Abraços!

    • Mariany A.N Dutra

      Poetisa Ema Machado, seu poema traz à tona, a infeliz realidade de muitas famílias e apresenta a escassez da verdadeira comunhão na atualidade... Realmente, temos essa sensação de que antigamente éramos todos mais unidos, mesmo com "pouco" que tínhamos, na simplicidade.

      E concordando com o comentário da nossa amiga poetisa Maria Dorta.. é um belo puxão de orelha social.

      Que possamos cultivar a união familiar, e união social S2
      Um abraço afetuoso!
      Mary!

      • Ema Machado

        Obrigada, querida! Feliz com seu comentário e apreciação. Abraço,



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