NO
MOSAICO
Chico Lino
Portas abertas
Ao tac-tatac...
Da Maria Fumaça
Nas emendas dos trilhos
Da férrea estrada
A estridência prolongada
Do apito
Em áreas habitadas
Janelas abrem
Olhos atentos à preguiçosa
Vazão do cristalino
Rio Doce
A primeira bola de futebol
Despede-se girando
No remanso meandro
Soluços engolidos
Na falta de cuidados
Com o escudo glorioso
Muros altos
Pintados em celeste azul
À base d'água
Paredes profundas
De triste memória
Uma moldura ovalada
Tem minha mãe e meu pai
Ela sorridente vestido vermelho
Ele sisudo terno azul
Aquele soldado sob quepe
É um falecido tio de meu pai
Aquele outro
Numa moldura retangular
Tem uma faixa transversa ao peito
É o presidente Getúlio Vargas
Sempre esteve ali
Membro da família
- Autor: Chico Lino (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 21 de junho de 2020 00:13
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 31
Comentários3
Parabéns! Muito bom. Você domina a construção poética. Seu texto flui como uma prosa, mas agrega a métrica poética. Ainda, brinca com uma figura de linguagem (onomatopeia): "Ao tac-tatac.. Da Maria Fumaça Nas emendas dos trilhos ." Um abraço.
Chico Lino, esse poema nos dá uma sensação de saudade pelas descrições de cotidiano, narrativa que nos remete à nostalgia das histórias de família, álbuns de fotografias. Sentimental!
Muito bom.
Abraço
"Sentimental eu sou, eu sou demais..."- voz de Altemar Dutra - valeu, Hébron, um domingo cheio de realizações, forte abraço...
heheh. Me lembrei da Maria Fumaça que ia de Cachoeiro até Marataizes.
1 ab
Piuiiiiiu... amigo, buscando a história desses apitos, encontraremos até empalamento de meninas indígenas, para abrir caminho para essa víbora de aço. Contos muito pouco românticos, infelizmente... bom domingo...
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