a louça suja ainda está na pia
posso ouvir o tilintar da gota de agua que pinga da torneira
desde de outrora, eu não sei a hora, o tilintar.
que dia faz quarenta dias?
naquele outro dia eu abri os olhos e não vi ninguém.
hoje eu abri os olhos e não escutei o trem;
as ruas andam mudas,
as calçadas imundas estão incrivelmente mais limpas.
outra vez abri a janela pra não ligar a tevê,
há uma devastação invisível que atinge a mente e o coração aos quem vive
aos quem se vão; atinge translucidamente a fragilidade.
mais uma vez o tilintar da gota,
mas dessa vez descompassado ao coração.
aos quem se vão não há despedida.
aos quem fica depredação do emocional.
ontem foi meu aniversário,
não houve abraço, através de uma tela os parabéns não foi opção,
era a única escolha.
a fatia ao vizinho eu não pude levar,
pois na calçada eu pude pisar.
ao abrir a porta o invisível atinge
felicidades aos quem se vão;
aos quem fica, a esperança por um fio.
- Autor: Débora ( Offline)
- Publicado: 20 de junho de 2020 16:25
- Comentário do autor sobre o poema: Olá pessoas! Esse é um dos poemas que terá no meu livro será lançado em dezembro chamado "Cemitério de Borboletas". Me acompanhe nos Instagram @debcarvalho_ e @versosquevoam.
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 20
Comentários3
Poema nostalgico, remete a solidão que aparece ao coração...
Parabéns poetisa
Abraços
Agradecida
Olá Débora, seu poema é muito forte em imagens. É, quase, a crônica de um momento cotidiano. Parabéns pela construção de um intenso cenário. Um abraço.
Obrigada pelo comentário. Fico feliz que tenha te atingido dessa forma. Abraços.
Palavras fortes, uma linda escrita que empolga. Em cada verso um novo sentimento humano que se espalha! parabéns pelo poema!
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