ONDE ESTIVERES
No horizonte o trovão no céu bramia...
O arvoredo se envergava a ventania
Tal como o bardo se vergava à solidão!
O mar revolto em tristeza se espraiava,
E a saudade- da paixão fiel escrava -
No peito ardia destroçando o coração!
E entre a dor, entre a saudade e a lembrança,
A Minh! Alma se transmuda em esperança
De que me ouças neste azul sem dimensão!
Vem, trespassa as longas ondas da distância,
Sintoniza teu amor em minha ânsia
Na frequência sem par desta emoção!
Ah! Musa eterna, compadeça dos meus ais!
Ouve agora meus gemidos tão reais
Que d! alma saem em prece de socorro!
Ah! Tu não vens não me mostras teus encantos,
E de dores, de amarguras entre prantos,
Eu desfaleço, e de saudades quase morro!
Mas, se não te sinto mais alma corpórea,
E tua face se estampa em cor marmórea,
Inda me resta o saber da eternidade!
Na mente eu te percebo lado a lado,
E por isso é que assim alucinado,
Sonho ainda com a imortal felicidade!
Escuta, pois, doce musa, meus clamores!
O perfume que invejava a tantas flores
Não mais exala do teu corpo nacarino!
Ah! Por teus lábios e teus beijos inda eu gemo!
E em pensamentos à deriva chego ao extremo
De te buscar na imensidão em desatino!
Ao bardo já não basta à lira triste,
Que se repete nesta estrofe que persiste:
Onde habitas neste céu ó minha estrela!
Quero achá-la no infinito que ignoro
Para dizer que é a ti que eu tanto adoro
E dar a vida num minuto para vê-la!
Volta de onde estiveres. Sê clemente!
Vem sentir este amor que inda é presente,
E que Minh! Alma em desesperos entrelaça!
Volta outra vez ao flamboyant amigo,
Vem deitar à sua sombra o amor antigo
E me dizer o que sem ti, queres que eu faça!
Nelson De Medeiros
- Autor: Nelson de Medeiros ( Offline)
- Publicado: 9 de fevereiro de 2023 10:10
- Comentário do autor sobre o poema: Reprise em face da data.
- Categoria: Ocasião especial
- Visualizações: 47
Comentários4
Diante de tão belos sentimentos e tão flamejante apelo,confesso que se fosse ela seria mais veloz que o vento e iria te acalentar! Um poema de tirar o fôlego! In_ ve_ já _vel! Aplausos de pé!
Parabéns mestre , abraço.
Prezado Nelson, este seu tão comovente poema veio a calhar com um turbilhão sentimental que me envolveu tempos atrás, há muito tempo, mesmo. Ele foi revivido através dos seus inspirados versos, que a sua musa lhe proporcionou.
Gratidão.
Um forte abraço.
Caro poeta, Nelson!
Como colocado no primeiro comentário, o da Maria, esse é um poema para ser aplaudido de pé!
Parabéns por essa bela produção!
Abraço!
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