Torpor

Helio Valim

 

As gotículas do degelo,

da geada da madrugada,

refletem o dia, como um apelo

ao meu despertar.

 

Daquela noite fria,

atormentada por sonhos e pesadelos,

desejo acordar para, então,

as razões de tal limiar encontrar!

 

Desvendando na alma (atman) a verdade eterna,

percebo-me, preso em ciclos infinitos (samsara),

vivendo intensa ambiguidade,

em um eterno repetir de nascimento e morte.

 

Nesse momento, procuro a ajuda divina (Brahman),

e, então, estabelecendo um ponto de libertação (moksha)

não sonho, apenas marco minha alma com a liberdade,

enquanto descubro um rumo, um norte...

 

Confuso, no torpor de acordar,

não compreendo o ensejo...

Mas, percebo que não sei se desejo

de meu desígnio (karman) agora me libertar...

  • Autor: Helio Valim (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 9 de junho de 2020 13:16
  • Comentário do autor sobre o poema: Os hindus geralmente aceitam a doutrina da transmigração e renascimento e a crença complementar no karman. Todo o processo de renascimento, chamado samsara, é cíclico, sem começo ou fim claro e abrange vidas de apegos seriados e perpétuos. Em uma visão consagrada, o próprio significado da salvação é a emancipação (moksha), uma fuga da impermanência que é uma característica inerente à existência mundana. Pode-se vivenciar esta experiência percebendo que as atenções e humores da consciência desperta estão fundamentados em uma unidade transcendental da atman com o Brahman (a dimensão essencial do universo). Experimenta-se, diariamente, essa união no sono profundo sem sonhos.
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 19
Comentários +

Comentários4

  • Sidneia Oliveira

    Lindo poema Hélio, obrigada por compartilhar.

    Abraços

    • Helio Valim

      Obrigado Sidneia. Seus comentários são muito generosos! Um abraço.

      • Sidneia Oliveira

        Abraços

      • O ceu em poesia

        Muito interessante o seu poema. Profundo. Parabéns

        • Helio Valim

          Muito obrigado, cara poeta! Um abraço.

        • Nelson de Medeiros

          Pois é meu amigo poeta. Voce me lembrou de um sábio que disse : " Nascer, viver, morrer, e renascer ainda, tal é a Lei";
          1ab

          • Helio Valim

            Meu amigo! A filosofia Espirita de Kardec é muito próxima do Hinduísmo. Creio na continuidade da vida, no renascimento (reencarnação) e após completado o ciclo na união com algo maior! Muito obrigado pelo comentário, sempre enriquecedor! Um abraço.

          • Rosangela Rodrigues de Oliveira

            Poema profundo. Parabéns.

            • Helio Valim

              Muito obrigado Rosangela! Um abraço.



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