Helio Valim

Torpor

 

As gotículas do degelo,

da geada da madrugada,

refletem o dia, como um apelo

ao meu despertar.

 

Daquela noite fria,

atormentada por sonhos e pesadelos,

desejo acordar para, então,

as razões de tal limiar encontrar!

 

Desvendando na alma (atman) a verdade eterna,

percebo-me, preso em ciclos infinitos (samsara),

vivendo intensa ambiguidade,

em um eterno repetir de nascimento e morte.

 

Nesse momento, procuro a ajuda divina (Brahman),

e, então, estabelecendo um ponto de libertação (moksha)

não sonho, apenas marco minha alma com a liberdade,

enquanto descubro um rumo, um norte...

 

Confuso, no torpor de acordar,

não compreendo o ensejo...

Mas, percebo que não sei se desejo

de meu desígnio (karman) agora me libertar...