Só quem mergulha fundo
Corre o risco de se afogar
Mas não me peça pra ficar no raso
Pois nele não cabe
Essa minha imensidão
Só entro no mar
Se puder encharcar os cabelos
Saio só quando tenho murchos os dedos
E os olhos vermelhos
De quem parece chorar
Ando mesmo descalça
Gosto de sentir as texturas
Não me importo se me causem fissuras
Ou se possa escaldar-me os pés
Para mim seria verdadeira tortura
Manter tanta intensidade em clausura
Ficar alheia
A qualquer emoção
É que eu já nasci assim
com a alma bem cheia
Prefiro muito de pouco a pouco de tudo
O que posso fazer?
Essa sou eu
Quando dá errado
Tudo transborda e vira poesia
Anestesia o corpo
e me reinicia
Fazendo-me esquecer que o tombo doeu
- Autor: Manoela ( Offline)
- Publicado: 4 de junho de 2020 07:57
- Categoria: Reflexão
- Visualizações: 398
Comentários4
Você escreve muito bem Manoela. Tem um estilo tocante com o qual muito me identifico. Este poema principalmente. Parabéns, e obrigado.
Maravilhoso como tudo, seu que tenho visto por aqui. Obrigado por nos brindar com a sua arte.
“Quando dá errado
Tudo transborda e vira poesia
Anestesia o corpo
e me reinicia
Fazendo-me esquecer que o tombo doeu”
Tocante!
Como sempre lhe digo, poeta. És excelente. Perfeita no versar e convincente.
1 ab
Texto belíssimo. Às vezes é um risco mergulhar no raso, mas vida sem intensidade é como flor sem perfume. Bjs
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