Antonio Olivio

Cidadão de rua

Talvez  em algum tempo,
Eu tenha sido um doutor,
Ou um operário demitido ,
Um empresário falido.


Quem sabe eu tenha sido alguém,
Alguém que tenha lido livros,
Que talvez tivera amigos,
Ou namorada ,ou esposa e filhos.


Pode ser que tenha sido estudante,
Que se perdeu das coisas importantes,
Que sou filho, tenho certeza:
Da minha mãe a natureza.


A rua , é a minha casa nua,
É lá  que te encontro e você não me vê,
A minha sala é a calçada por onde,
você passa sem pedir licença,
tapa o nariz e finge a minha ausência,
O meu teto é a marquise
Do prédio,  da loja , da torre ,
Os viadutos me abrigam ,
As praças me acolhem,
Os papelões me engolem,
O frio aquece a minha solidão.


Talvez eu seja um Deus,
Que tenha se travestido em trapos,
Que esteja te vendo sem  véus,
Olhando pra sua alma fria,
Sentindo a sua repulsa,
Guardando a sua migalha,
Colhendo a sua miséria.

Antunes Oliveira

  • Autor: Antonio Olivio (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 20 de Abril de 2022 00:30
  • Comentário do autor sobre o poema: A ideia aqui não é chocar ninguém, mais do que nós sentimos chocados por tanta miséria espalhada pelas ruas das nossas cidades. Será que estamos fazendo algo para ajudar nossos irmãos nas ruas ?
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 21

Comentários4

  • Shmuel

    Sim, um tema importante, que nos remete a pensar e agir sobre. Oportuna a tua poesia.
    Abraços ao poeta!

  • Anny

    Um composição para refletir. Certeza, é preciso um olhar mais atento pra causa social. Que Deus nos ajude a sermos mais irmãos! Bom dia pra você!

    • Antonio Olivio

      Temos que cobrar também das nossas autoridades, mais atenção, mais políticas efetivas .
      Importante também reconhecer que muitas pessoas se envolvem em projetos de ajuda , com acolhidas ( verdadeiros anjos que se põe no caminho e sacrificam coisas pessoais ) .

    • LEIDE FREITAS

      Poema de denúncia social...Realidade brasileira, principalmente nordestina. Infelizmente o que os governantes fazem em prol dos mais necessitados não é suficiente.

      Boa tarde, poeta Antunes Oliveira

    • Ernane Bernardo

      Poema reflexão, é preciso olhar o próximo, cabe as autoridades governamentais dá o primeiro passo e abrigar todos que estão em situações de abandono, bravo amigo, um forte abraço.



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