Sempre fui tão certinha nos idos tempos.
Era acanhada,tímida,obediente.
Seguia os conselhos que podavam.
Eram tantos. Moça de bem refreia desejos.
Virgem,nem sequer permitia beijos.
Naqueles idos tempos,virgindade,
era moeda de troca para casar.
Ao homem,tudo era permitido.
Para as mulheres,a lei social.
Repúdio e excomunhao social.
Se já " usada", era devolvida ...
E a família a castigava
vezes até em celas de convento a colocava,para domar procelas.
E,quando casavam,as virgens,coitadas,
iam para o sacrifício inocentes,
Muitas serviam servis e caladas,
seus maridos,na cama,as usavam
para seus deleite e procriação
Não sabiam elas seu direito ao orgasmo.
Se o tiveram,foi obra do acaso
Deixar o marido? Só mortas em um caixão!
Ainda hoje elas,em muitos rincões
de Norte a Sul,se abandonarem o machão...
acabam agredidas,ou mortas sem compaixão .
Isso,no Brasil, é como compulsão.
Porque há pouca punição.
Vergonha para uma Nação!
Até quando ficaremos calados e sem ação?
E ainda nos declaramos cidadãos cristãos!
Maria Dorta. 18_04_2022
- Autor: Maria dorta (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 18 de abril de 2022 16:31
- Comentário do autor sobre o poema: Revoltada de ler e ouvir as aberrações cometidas contra as mulheres neste país tão omisso .
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 34
Comentários10
Quanta dor esta sociedade machista infligiu a tantas mulheres e você com maestria conseguiu dar este grito . Um grito indignado, que ecoa pelo passado mas que principalmente ecoa no presente e para o futuro.
Parabéns querida Maria Dorta!!
Sinto_ me privilegiada pela leitura e gentis palavras. Você é fora de série.grata!
Isso mesmo, querida Vitória. Ainda são muitas, as mulheres usadas e escravizadas nessa sociedade desigual. Brilhante protesto! Abraços,
Agradeço tua leitura e feedback abalizado por uma poeta de teu calibre.
Um texto muito bem elaborado que nos traz um desabafo e um testemunho, bem colocados em seu poema. Tomarei a liberdade de enviar para a minha sobrinha de 23 anos que quando falo dos costumes sociais de outrora ela acredita que eu esteja exagerando. Mas os reflexos desse passado evoluíram para essa violência fatal e descabida contra as mulheres que assola a nossa sociedade na atualidade. Abs.
Para mim será uma honra contribuir para esclarecer um pouco mais a juventude atual. Amor e Paz em teu coração,Altofe!
Eh minha querida amiga, quanta verdade você escolheu para nos lembrar que ainda bem que já é em número inverso ... Essa "era " em que a mulher pedia ordem para respirar !!!...
Beijinhos
Aqui,no interior do Nordeste brasileiro e alguns rincões menos civilizados, ainda impera a ordem: mulher não tem quase nenhum direito e mata _ se 7 mulheres por dia pelo Brasil agora porque o marido,noivo ou amante não aceita que ela o deixe! E quase sempre escapam da Justiça que continua cega! Triste realidade,mas verídica!
Aqui em Portugal também morrem muitas mulheres ainda hás mãos dos companheiros, maridos, ou ex
A justiça aqui também é muito branda, após as queixas , são presentes ao juiz e saíram em liberdade.
É uma tristeza
Dorta, como sempre nos trazendo uma visão totalmente ampla sobre o tema abordado. Gratidão por sua existência, querida Dorta!
Eu que te agradeço por ler minha poesia e dar sua valiosa opinião. Gratidão!
E hoje? Pouca coisa mudou. Não precisa ser virgem, mas ainda precisa ser servil, criadas dos maridos machistas e insensíveis...algumas nem sabem se orgasmo existe...e o assassinato de mulheres continua em alto só mudou o nome para Feminicidio.
Excelente poema traduzindo em palavras os hábitos e culturas de uma época pouco distante, algumas coisinhas mudaram, mas nem tanto. É sempre um prazer ler-te.
Boa noite, cara poeta Maria Dorta!
Perfeito Dorta! Um poema manifesto que suscita reflexão.
Boa noite!
Foi mais um desabafo! Fico horrorizada com esse descalabro, o feminicidio deve ser combatido! Chega! Os poderes constituídos quase nada fazem! Grata pelo feedback!
Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.