Brasiliência

Shmuel

O senhor me dê licença,

Mas esse termo eu vou cunhar

É assim que se escreve…

bra-si-li-en-cia,

Sim, meu senhor, eu tenho essa coisa em mim,

Trago livros volumosos no lombo,

E um sorriso amarelo, quase espontâneo,

Trago porões frios e memórias lançadas ao mar

Ganhei fama de preguiçoso,malandro e saqueador,

Colocaram meu caráter em jogo,

Então me tornei jogador,

conheço as trilhas que levam ao      paraíso e ao inferno,

Tenho índios, negros e europeus, dançando nas minhas veias, fazendo seus ritos e sinais de fumaças,

Sou padre, pastor, e babalorixá,

Eu sou a resistência, sou múltiplo e safo,

Sei dos meus antepassados a dor,

 e reconheço meu poder de resiliência

Fui forjado nos rios, morros,

becos e vielas,

Desci ladeiras,

Subi desfiladeiros e colinas,

 venci, perdi,

Ressuscitei ao terceiro dia,

Sacudi a poeira,

Peguei trem lotado,

Comi o pão o que senhor amassou!

Cuidei dos meus irmãos

 protegi minhas irmãs

Das garras fétidas dos desbravadores encachaçados,

Eu… sou aquele que os teus livros

omitiram.

  • Autor: Shmuel (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 1 de março de 2022 00:36
  • Comentário do autor sobre o poema: Uma passeio na história do Brasil...esse povo lindo, sofrido e que não desiste. Mesmo quando submetido ao descaso e as intempéries sociais
  • Categoria: Sociopolítico
  • Visualizações: 29
  • Usuários favoritos deste poema: Ema Machado, LEIDE FREITAS
Comentários +

Comentários8

  • Maria Rodrigues

    Belo poema sobre o Brasil e toda sua cultura e garra do povo poeta Shmuel ,parabéns !

    • Shmuel

      Agradecido por ler e comentar neste recente poema.
      Boa noite a gentil poeta, María Rodrigues!

    • Dr. Francisco Mello

      Bah, trilegal. Um poema Antropológico. Faz todo sentido. Baita contribuição. Um quebra costelas, tchê.

    • Shmuel

      Grande poeta e querido amigo Dr Francisco Mello! Me senti embuido em versejar sobre este povo maravilhoso que somos. Espero ter sido um tiquinho honesto, nesta pequena saga deste herói nascido índio, em sequência miscigenado com europeus, e negros...na verdade um herói envolto numa miscelânea de raça e cultura.
      Bom dia, mestre!

    • Hébron

      Muito bom, Shimul! Parabéns!
      Admiro demais o estilo leve da sua escrita, com sua marca de originalidade.
      Tem razão o bardo dos pampas, é um poema antropológico!
      Abraço, meu amigo

      • Shmuel

        Obrigado meu querido amigo Hebron! Teus comentários me estimula a prosseguir.
        Abraços irmão!

      • LEIDE FREITAS

        Parabéns por mais um excelente poema.

        Um poema para suscitar reflexões sobre o Brasil, a formação do brasileiro e sua resiliência para sobreviver no caos que estamos vivendo nos últimos anos.

        Boa tarde, poeta Shmuel!

        • Shmuel

          Sim, está batalha infelizmente ainda continua...observe que o capitão do mato voltou, nobre poeta!

          Boa tarde!

          • LEIDE FREITAS

            É uma boa comparação, nobre poeta Shmuel.

            • Shmuel

              Sim, boa noite!

            • Altofe

              Sensacional, caríssimo poeta, um poema de muita força com um ufanismo crítico e ao mesmo tempo uma homenagem ao povo destas terras. Abs.

            • Shmuel

              Sim, precisava liberar esta inspiração e fazer uma poema para nosso povo. Um povo lindo e batalhador.
              Grato, José Altofe Queirolo.

            • Jessé Ojuara

              Muito bom e belo retrato de nossa realidade e identifiquei-m em muitas partes de seu poema.

              • Shmuel

                Puxa que alegria em ler tão gentil comentário do mestre Ojuara!
                Abraços do Shimuel!



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